Iranianos vão fazer turismo ao local de exílio de Khomeini, o líder da revolução
Cidade iraquiana de Najaf tem recebido milhares de turistas por ocasião do 40.º aniversário da Revolução Islâmica de 1979.
Numa pequena rua na cidade santa de Najaf, no Sul do Iraque, peregrinos iranianos entram e saem de uma pequena porta, fazendo um desvio curto, mas significativo. Vieram ver o local onde o líder da Revolução Islâmica esteve exilado.
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Numa pequena rua na cidade santa de Najaf, no Sul do Iraque, peregrinos iranianos entram e saem de uma pequena porta, fazendo um desvio curto, mas significativo. Vieram ver o local onde o líder da Revolução Islâmica esteve exilado.
A antiga casa do ayatollah Ruhollah Khomeini, que em 1979 liderou uma revolta que derrubou o xá do Irão, está cheia de turistas no 40.º aniversário do nascimento da República Islâmica.
Saindo, por momentos, de uma apinhada mesquita xiita nas proximidades, visitam a casa humilde que é agora um museu e galeria sobre a vida política, e pessoal, de Khomeini.
Adolescentes tiram selfies nos quartos em que Khomeini estudou, rezou e desenvolveu as suas ideias para o estabelecimento de uma república islâmica.
"Esta casa capta o espírito de Khomeini. Ele não estava interessado em dinheiro nem em bens materiais, ele estava lá para servir o povo", disse um visitante, Mohammad Javad Elahi, de 56 anos.
Khomeini viveu nessa casa em Najaf durante 13 anos, antes de ser expulso do Iraque por Saddam Hussein, em 1978. A casa tem pouca mobília, a sala de reuniões é pequena, apenas com um tapete para as pessoas se sentarem.
Fotos nas paredes mostram algumas imagens de Khomeini com os seus filhos e netos, ainda que a maioria sejam fotos icónicas da revolução, incluindo a da tomada da embaixada iraniana em Paris por manifestantes e a chegada de Khomeini por avião ao Irão depois da saída do xá.
Elahi, gestor de logística de Teerão, disse que vê a herança de Khomeini como um Irão que se mantém firme face às sanções americanas. Apesar do descontentamento por causa da economia, as sanções serviram para unir muitos iranianos em apoio ao seu governo, disse. "Não sofremos o tipo de instabilidade de alguns dos nossos vizinhos. As coisas estão bastante estáveis."
Outros visitantes disseram ver a República Islâmica como uma melhoria da monarquia secular que veio substituir. "Tinha 13 anos durante a revolução. Lembro-me do tempo do xá. Era uma marioneta do Ocidente, e a economia e política estava basicamente nas mãos da América e dos seus aliados", disse o professor reformado Alireza Ghorbani. "Os serviços secretos do xá mataram e torturaram a sua oposição, incluindo líderes religiosos", disse.
"Melhor do que o xá"
O levantamento de 1979 depôs o xá Mohammad Reza Pahlavi, aliado do Ocidente. E Khomeini passou o último ano do seu exílio em França.
A República iIslâmica de Khomeini, e a liderança do Líder Supremo ayatollah Ali Khamenei que se lhe seguiu, foram acusadas internacionalmente de repressão contra opositores políticos, incluindo nos protestos de 2009 contra uma alegada fraude eleitoral e, no ano passado, por causa de salários e acusações de corrupção.
Aqueles que visitam a casa de Khomeini em Najaf, todos eles turistas religiosos, dizem que apoiam o establishment religioso do Irão.
"A maioria das pessoas no Irão apoiam a revolução", diz Mohammad Kazemi, um religioso de Tabriz, no Noroeste. "As coisas ainda estão melhores do que antes. Hoje estou aqui para prestar homenagem ao líder da revolução."
Khomeini foi para o exílio nos anos 60, primeiro para a Turquia e depois para Najaf. A cidade iraquiana e Qom, no Irão, são palcos dos dois melhores seminários xiitas. O grande ayatollah Ali al-Sistani, o principal líder religioso xiita do Iraque, usa Najaf como base.
Em Najaf, Khomeini manteve um comportamento discreto, estudando e leccionando, mas também desenvolveu as suas ideias para um sistema islâmico de governação.
A influência do Irão no Iraque, que tem crescido continuadamente desde a invasão dos Estados Unidos que derrubou Saddam Hussein, em 2003, trouxe consigo números, cada vez maiores, de turistas e peregrinos iranianos. Centenas de milhares visitam todos os anos os templos sagrados de Najaf e Kerbala, no Iraque.
Esta semana, muitos passaram pela casa de Khomeini.