Bouteflika, que ninguém vê, candidata-se pela quinta-vez a Presidente da Argélia
A falta de consenso político para encontrar um sucessor« faz perdurar um enfraquecido chefe de Estado, que não aparece em público desde as eleições de 2014.
A notícia não era inesperada, apesar do delicado estado de saúde do Presidente Abdelaziz Bouteflika, desde o AVC que sofreu em 2013, que faz com que raramente tenha sido visto em público, ou pronuncie algumas palavras: prestes a fazer 82 anos, prepara-se para concorrer a um quinto mandato nas eleições presidenciais argelinas de 18 de Abril.
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A notícia não era inesperada, apesar do delicado estado de saúde do Presidente Abdelaziz Bouteflika, desde o AVC que sofreu em 2013, que faz com que raramente tenha sido visto em público, ou pronuncie algumas palavras: prestes a fazer 82 anos, prepara-se para concorrer a um quinto mandato nas eleições presidenciais argelinas de 18 de Abril.
O anúncio foi feito numa “mensagem à nação” divulgada pela agência oficial APS, quando falta menos de um mês para o fim do prazo para apresentação de candidaturas às presidenciais. Põe fim a meses de especulação marcados pelo silêncio de Bouteflika, apesar de insistentes apelos dos seus apoiantes para que se apresentasse.
Na semana passada, a coligação de partidos que o apoia, Aliança Presidencial, designou-o como candidato e, no sábado, o seu partido, a Frente de Libertação Nacional (FLN) organizou um comício de apoio ao chefe de Estado, no poder desde 1999, e que já não recebe sequer os visitantes estrangeiros, relata o Le Monde.
Na mensagem do Presidente, Bouteflika responde indirectamente aos que o acusam de querer apenas manter-se no poder, afirmando que, se for eleito, vai convocar uma “conferência nacional” que agrupe “todas as forças políticas, económicas e sociais” do país para trabalhar num “consenso sobre as reformas e as mudanças” necessárias na Argélia, diz a agência Lusa.
Entre os temas a tratar, precisa, figurarão “uma presença mais forte dos jovens” nas instituições políticas, a necessidade de “vencer o flagelo da burocracia” e “aplicar mecanismos de democracia participativa” e reformas económicas “sem qualquer dogmatismo”.
Desde 2014, ano das últimas eleições, que a Argélia está a sofrer fortemente as consequências da queda dos preços do petróleo – a sua principal exportação – e vive num clima de instabilidade, em que a população, com uma média de idades bastante jovem (na casa dos 24 anos, vê o seu país tomado pela paralisia política.
A continuação de Bouteflika no poder – apesar de claramente diminuído nas suas capacidades – é uma demonstração da incapacidade dos vários poderes argelinos (Estado-Maior das Forças Armadas, Serviços de Informações e a alta burocracia do Estado, explica o Le Monde) em conseguiram um consenso para propor um sucessor.