Calçado português vai assumir direcção da confederação europeia
Luís Onofre, líder da APICCAPS, assume presidência em Maio. E lança um alerta na abertura da maior feira mundial: 2019 “será um ano difícil”.
O ano de 2019 “será um ano difícil” para o calçado português e as empresas vão ter de ser “mais resilientes” do que nunca. A mensagem aos industriais do calçado surgiu pela voz do presidente da associação que representa o sector, a APICCAPS, pouco depois de o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, ter revelado que Portugal vai assumir a presidência da confederação europeia do calçado. “Sinto-me muito honrado com esta eleição, que traduz também a percepção de que Portugal é, a nível mundial, é muito atractivo” para esta indústria, disse Luís Onofre, líder da APICCAPS, neste domingo de manhã, em Milão.
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O ano de 2019 “será um ano difícil” para o calçado português e as empresas vão ter de ser “mais resilientes” do que nunca. A mensagem aos industriais do calçado surgiu pela voz do presidente da associação que representa o sector, a APICCAPS, pouco depois de o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, ter revelado que Portugal vai assumir a presidência da confederação europeia do calçado. “Sinto-me muito honrado com esta eleição, que traduz também a percepção de que Portugal é, a nível mundial, é muito atractivo” para esta indústria, disse Luís Onofre, líder da APICCAPS, neste domingo de manhã, em Milão.
Presente no primeiro dia da principal feira mundial do sector, a MICAM, a associação portuguesa lidera uma comitiva de 90 empresas portuguesas – a segunda maior delegação estrangeira em Milão, logo atrás da comitiva espanhola.
Luís Onofre não quis alongar-se nas perspectivas para 2019, nem sobre a nova missão que vai abraçar a partir de Maio na confederação europeia, insistindo antes no alerta à navegação, de que há factores macro-económicos e desafios específicos para o sector que vão ter de ser geridos nos próximos meses. “Também aceitei este cargo para ajudar a indústria portuguesa a projectar-se no mercado mundial”, prosseguiu, depois de o ministro ter realçado o esforço de promoção que a indústria nacional tem feito, e que este ano vai investir 16 milhões de euros neste âmbito – mais dois milhões na valorização das marcas portuguesas.
Depois de há uma semana ter levado uma missão aos EUA, segue-se agora a MICAM, em Itália, e que, segundo Onofre “é um bom indicador” sobre o estado da indústria. Quanto ao futuro, disse que será preciso aguardar até ao Verão para perceber qual vai ser a evolução desta indústria que, em 2018, continuou a crescer em volume de exportações, apesar de um ligeiro decréscimo na facturação face a 2017.
Os desafios, anotou Luís Onofre, não são um exclusivo português. O dirigente apontou para os líderes mundiais, como Itália e Espanha, cujos resultados mostram que também sentiram o efeito de “alguns factores macro”, como a indefinição em torno do “Brexit”, o proteccionismo norte-americano e a guerra comercial com a China.
O ministro, por seu lado, apontou precisamente para o desempenho das exportações para a China como exemplo de um indicador positivo. As compras chinesas subiram 70% em 2018, aproximando-se dos 23 milhões de euros, o que faz de Portugal o quarto maior fornecedor de calçado à China. É uma subida de uma posição nesse ranking, com a China a pesar agora mais do que a Rússia nas vendas portuguesas. Siza Vieira acabaria por elogiar a “transformação notável” que o calçado português tem vindo a fazer, pedindo à APICCAPS que continue a liderar a conquista de novos mercados internacionais.
Durante a visita a stands nacionais na feira de Milão, o ministro da Economia também ouviu mensagens de alguns empresários que não abdicam de estar nesta feira. “Não podemos ser negativos”, disse Sérgio Almeida, produtor de Oliveira de Azeméis.
“Sem isto [a presença na feira], a vida seria ainda mais difícil, mas o importante é que a Economia cresça”, disse o empresário ao ministro, que se fazia acompanhar pelo secretário de Estado da Economia, João Neves, pelo embaixador português em Itália, autarcas e também representantes da agência para o investimento e exportações, a AICEP.
E respondendo a uma pergunta do governante sobre o papel do aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, o mesmo empresário respondeu: “É mais económico ir directamente [do Porto] a Paris de manhã e voltar à noite, do que ir a Lisboa.” Siza Vieira gracejou – “é uma forma de promover as exportações”, mas depois, mais a sério, salientou o impacto da abertura do aeroporto do Porto ao tráfego das companhias low cost. E contornou assim a mensagem subjacente ao que o empresário acabara de dizer, partilhada pela fileira do calçado: a de que o aeroporto é um activo estratégico para uma indústria de forte implantação no Norte e que, por isso, é preciso valorizá-lo.
O PÚBLICO está em Milão a convite da APICCAPS