Greve dos enfermeiros: "Fazer disto um conflito galopante é irresponsável", diz Catarina Martins

A coordenadora do BE garante que o partido "defende o direito à greve" e nota que "os sindicatos dizem que os serviços mínimos estão a ser respeitados" o que, a ser verdade, faz com que esta medida não tenha, "na prática, nenhum efeito".

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bruno lisita

A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou nesta sexta-feira irresponsável fazer do impasse entre Governo e enfermeiros "um conflito galopante", manifestando preocupação com o "extremar de posições que não tem levado a lado nenhum".

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A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou nesta sexta-feira irresponsável fazer do impasse entre Governo e enfermeiros "um conflito galopante", manifestando preocupação com o "extremar de posições que não tem levado a lado nenhum".

Em declarações aos jornalistas à margem de uma acção de contacto com a população em Lisboa, Catarina Martins foi questionada sobre a requisição civil na greve dos enfermeiros em blocos operatórios decretada na quinta-feira pelo Governo.

A coordenadora do BE garantiu que o partido "defende o direito à greve", lembrando que "esta requisição civil foi feita porque, segundo o Governo, não estão a ser respeitados serviços mínimos", mas "os sindicatos dizem que os serviços mínimos estão a ser respeitados" o que, a ser verdade, faz com que esta medida não tenha, "na prática, nenhum efeito".

"Eu pedia razoabilidade a todas as partes, concentrar no que é essencial para que os problemas sejam resolvidos porque já estamos há tempo demais com esta tensão, com esta pressão, com este extremar de posições que não tem levado a lado nenhum", apontou.

Questionada sobre se esta requisição civil é um extremar de posições, Catarina Martins disse apenas que "fazer disto um conflito galopante é irresponsável".

"A nós preocupa-nos uma escalada na forma como Governo, sindicatos e Ordem dos Enfermeiros têm lidado com este assunto e a hostilidade pública porque achamos que o que é preciso é ter a cabeça fria e a capacidade de negociar soluções", tinha começado por dizer.

"Eu tenho ouvido reivindicações vindas da ordem ou dos sindicatos que são algumas delas novas e surpreendem toda a gente que as ouve, mas há uma reivindicação que vem desde o início e que é muito importante", afirmou. Esta reivindicação, sobre a qual o BE tem recebido "muitas cartas e muitas mensagens de enfermeiros e enfermeiras", tem a ver com "o problema do descongelamento de carreiras".

"Porque nós temos neste momento, por via de uma reposição que foi mal feita nas carreiras, enfermeiros e enfermeiras que trabalham há 15 anos e mais a ganharem como se tivessem começado a trabalhar agora. Isto cria um sentimento de uma enorme injustiça nos enfermeiros, terem sido esquecidos, que deve ser resolvido", apelou.

O que preocupa Catarina Martins é que, "em vez de se estar a discutir o problema que existe, que é este da progressão, discuta-se tudo o resto". E acrescentou: "Já temos apelado e eu volto a apelar a que haja bom-senso de ambas as partes e que nos concentremos no que é essencial, naquilo que responde à maior reivindicação neste momento dos enfermeiros."

O Conselho de Ministros decretou na quinta-feira uma requisição civil na greve dos enfermeiros em blocos operatórios em curso desde 31 de Janeiro, alegando incumprimento da prestação de serviços mínimos.

A requisição civil foi feita aos enfermeiros do Centro Hospitalar e Universitário de S. João, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga e Centro Hospitalar de Tondela-Viseu.

A "greve cirúrgica" foi convocada pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democráticos dos Enfermeiros (Sindepor), cujo advogado, Garcia Pereira, já anunciou que vai interpor uma intimação no Supremo Tribunal Administrativo para contestar a requisição civil.