High Flying Bird: Steven Soderbergh voltou a pegar no iPhone

O novo filme do realizador saiu esta sexta-feira no Netflix. Escrito por Tarell Alvin McCraney, passa-se no mundo do basquetebol, mas tem muito pouco desporto.

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André Holland e Zazie Beetz em High Flying Bird, o segundo filme que Soderbergh realizou com o seu iPhone Netflix

Unsane, o filme de terror com Claire Foy que Steven Soderbergh assinou no ano passado e por cá só passou no festival MOTELX, foi filmado com um iPhone 7 Plus. O método de rodagem de High Flying Bird, o trabalho seguinte do realizador e o terceiro filme desde que deixou para trás a suposta reforma, é um pouco diferente. Este drama passado nos bastidores da NBA em Nova Iorque é filmado agora com um iPhone 8. O resultado chegou esta sexta-feira ao Netflix, pouco depois da estreia no Festival de Sundance. 

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Unsane, o filme de terror com Claire Foy que Steven Soderbergh assinou no ano passado e por cá só passou no festival MOTELX, foi filmado com um iPhone 7 Plus. O método de rodagem de High Flying Bird, o trabalho seguinte do realizador e o terceiro filme desde que deixou para trás a suposta reforma, é um pouco diferente. Este drama passado nos bastidores da NBA em Nova Iorque é filmado agora com um iPhone 8. O resultado chegou esta sexta-feira ao Netflix, pouco depois da estreia no Festival de Sundance. 

Escrito por Tarell Alvin McCraney, o oscarizado dramaturgo que escreveu a peça que deu origem a Moonlight, tendo também co-assinado o guião do filme de Barry Jenkins, High Flying Bird centra-se num agente de jogadores de basquetebol que tenta manter um dos seus clientes contente durante um bloqueio em que os trabalhadores da NBA estão impedidos de jogar. Por isso mesmo, este é um filme de basquetebol em que se vê muito pouco do jogo. Tanto o iPhone de Soderbergh como o guião do sempre teatral McCraney parecem estar muito mais preocupados com o valor do trabalho de jovens jogadores negros a quem prometem mundos e fundos e de cujos corpos os donos das equipas se aproveitam. E com uma solução para contornar o poder destes patrões.

O agente, Ray Burke, é interpretado por André Holland, que é também produtor executivo do filme, e que já trabalhara com o realizador e o argumentista. Holland era uma das peças centrais de The Knick, a série realizada por Soderbergh, e foi também uma figura memorável em Moonlight. Foi ele quem sugeriu a história do filme. A acompanhá-lo em High Flying Bird estão nomes como Zazie Beetz (Atlanta), Melvin Gregg (American Vandal), Sonja Sohn (The Wire), o lendário veterano Bill Duke (American GigoloPredador e inúmeros outros filmes), Zachary Quinto (Heroes), ou Kyle MacLachlan, um dos talismãs de David Lynch.

O interesse por telemóveis como ferramenta de trabalho parece ser uma extensão natural do interesse que Steven Soderbergh tem em filmar rápida e eficientemente, com pouco dinheiro e sem rodeios, sem pedir autorização a ninguém, algo que tem muitos paralelos com a história que o seu filme conta.

O realizador terá feito a primeira montagem de High Flying Bird escassas horas após ter acabado a rodagem. No passado, esse método resultou, por vezes, em filmes com argumentos ainda por trabalhar, o que não é o caso, aqui. Ainda assim, continua a notar-se em High Flying Bird que há algo de estranho na imagem, especialmente em alguns movimentos e nos momentos em que tudo está menos iluminado. Pode ser que o próximo telemóvel de Soderbergh corrija isso.