“Não matei a minha filha”: Leonor Cipriano sai em liberdade condicional, 15 anos depois

Mulher condenada pelo homicídio da filha, Joana, de oito anos, saiu em liberdade condicional. Corpo da menina nunca chegou a ser encontrado.

Foto
Leonor Cipriano foi condenada pela morte da filha Melanie Map's

Leonor Cipriano, que, em 2005, foi condenada pelo homicídio da filha, Joana, em Portimão, saiu esta quinta-feira em liberdade condicional.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Leonor Cipriano, que, em 2005, foi condenada pelo homicídio da filha, Joana, em Portimão, saiu esta quinta-feira em liberdade condicional.

A menina, então com oito anos, desapareceu em Setembro de 2004 sem deixar rasto. Inicialmente pensava ter-se tratado de um caso de rapto, mas o tribunal deu como provado que Leonor Cipriano, juntamente com o irmão João, tio da menina, espancou a menor e escondeu o cadáver que, 15 anos depois do crime, ainda não foi encontrado. “Fui condenada sem provas. Não matei a minha filha. Nunca lhe faria mal. Só confessei tudo porque fui agredida na PJ de Faro”, afirmou à saída da cadeia, citada pelo Jornal de Notícias.

Leonor e o irmão foram condenados a 16 anos e oito meses de prisão por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, sentença que, inicialmente, tinha sido definida em 20 anos e quatro meses de prisão, para Leonor, e 19 anos e dois meses, para João.

Joana desapareceu depois de ter saído de casa. A mãe, Leonor, foi detida nesse mesmo mês de Setembro. O tribunal mostrou a convicção de que a menina teria sido morta à pancada pela mãe e pelo tio, sem ter ficado esclarecido o motivo das agressões.

Foto
Morte de Joana aconteceu três anos antes do desaparecimento de Maddie ABDELHAK SENNA

Segundo consta no acórdão do processo, os agressores — após descobrirem que a menina não respirava —, “não querendo ser responsabilizados pela morte da filha e sobrinha”, decidiram ocultar o homicídio, tentando passar a ideia de que a menina teria sido alvo de rapto, enquanto ocultavam o cadáver.

Foto
Francisco Leitão foi sentenciado a 25 anos de prisão Nuno Ferreira Santos / PÚBLICO

Durante semanas, as autoridades de Faro, em colaboração com as congéneres estrangeiras, fizeram buscas para encontrar a menina. As operações resultaram sempre em fracasso, o que levou as autoridades a investigarem a família de Joana.

Este caso é dos poucos em Portugal em que se verificaram uma condenação por homicídio sem que se tivesse encontrado o corpo da vítima. Foi também isso que se verificou em 2010, quando três pessoas desapareceram na Lourinhã. As mortes dos jovens foram imputadas a Francisco Leitão, apelidado de “rei Ghob”. Em 2011, foi acusado pelo Ministério Público de triplo homicídio, sendo sentenciado a 25 anos de prisão, pena máxima em Portugal. Os cadáveres das vítimas nunca chegaram a ser descobertos.

O desaparecimento de Joana antecedeu, em três anos, o de Maddie McCann. A menina britânica desapareceu a 3 de Maio de 2007, no aldeamento turístico Ocean Club, na Praia da Luz, em Lagos. Mais de uma década após o desaparecimento da menina, ainda é incerto o que aconteceu verdadeiramente no resort do concelho de Lagos.