Governo em silêncio sobre incidente diplomático com a PSP na Venezuela
Oito agentes do Grupo de Operações Especiais da PSP foram impedidos de entrar em Caracas para reforçar instalações diplomáticas portuguesas. Governo nada diz.
O Governo manteve-se nesta terça-feira em silêncio sobre o impedimento de entrada na Venezuela de um grupo de oito agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE) que partiu no domingo para aquele país com o objectivo de reforçar a segurança das instalações diplomáticas portuguesas na Venezuela.
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O Governo manteve-se nesta terça-feira em silêncio sobre o impedimento de entrada na Venezuela de um grupo de oito agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE) que partiu no domingo para aquele país com o objectivo de reforçar a segurança das instalações diplomáticas portuguesas na Venezuela.
“Não temos nenhum comentário a fazer sobre esse assunto”, foi a resposta dada por uma assessora do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) a um conjunto de perguntas enviadas pelo PÚBLICO.
A notícia foi avançada na noite de segunda-feira pela RTP e reafirmada nesta terça-feira já depois dos homens do GOE terem regressado a Portugal.
A equipa partiu para a Venezuela no domingo num Falcon da Força Aérea Portuguesa e aterrou numa base aérea nos arredores de Caracas, horas antes de Portugal reconhecer Juan Guaidó como Presidente interino.
Os agentes transportavam em diversas malas diplomáticas armas, capacetes e coletes à prova de bala e, à chegada, foram barrados pelas autoridades venezuelanas.
Ainda segundo a RTP, durante 12 horas seguiram-se intensas negociações diplomáticas sem qualquer resultado. Face à intransigência das autoridades venezuelanas, os elementos dos GOE regressaram a Lisboa.
A deslocação desta unidade não estava envolta em qualquer segredo, já que na passada semana foram publicadas várias notícias sobre a ida deste reforço de segurança para as instalações diplomáticas de Portugal na Venezuela. Foi até revelado que os homens dos GOE prepararam esta missão durante três semanas.
O silêncio do Governo deixa muitas perguntas sem resposta. A ida destes homens estava acordada com autoridades diplomáticas venezuelanas? Se sim, com que entidades venezuelanas foi acordado? Porque foram impedidos de entrar? Portugal vai voltar a tentar enviar novos agentes do Grupo de Operações Especiais da PSP para reforçar as instalações diplomáticas de Portugal na Venezuela?
Mas há ainda mais questões igualmente importantes por esclarecer: Que resposta vai Portugal dar a este incidente diplomático? Qual é o estado actual das relações diplomáticas entre o Governo de Portugal e a Venezuela de Nicolás Maduro?
O PÚBLICO enviou também para a embaixada da Venezuela em Lisboa, e por e-mail, depois de um contacto telefónico, um conjunto de perguntas, mas até ao momento não recebeu qualquer resposta.
Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, questionado pelos jornalistas remeteu o assunto para o Governo. “Não queria estar a comentar matéria tão precisa. É uma questão do governo e o Governo está a tratar”, afirmou.
Vivem na Venezuela cerca de 300 mil portugueses e luso-descendentes.
Portugal tem na Venezuela as seguintes instalações diplomáticas: embaixada, em Caracas, dois consulados gerais, em Caracas e Valência e oito consulados honorários espalhados pelo país.