Venezuela, muro, Kim e Daesh — o que Trump vai dizer no discurso sobre o Estado da nação
O Presidente dos EUA fala no Congresso na noite desta terça-feira (madrugada de quarta em Portugal). Metade será sobre política externa.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, vai usar o discurso do Estado da União, que faz nesta terça-feira (madrugada de quarta em Portugal), para pressionar o Partido Democrata a aprovar o financiamento para a construção de um muro na fronteira do México. Mas não vai, pelo menos por agora, declarar emergência nacional nessa zona, possibilidade que foi sendo avançada nos últimos dias.
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O Presidente norte-americano, Donald Trump, vai usar o discurso do Estado da União, que faz nesta terça-feira (madrugada de quarta em Portugal), para pressionar o Partido Democrata a aprovar o financiamento para a construção de um muro na fronteira do México. Mas não vai, pelo menos por agora, declarar emergência nacional nessa zona, possibilidade que foi sendo avançada nos últimos dias.
Trump vai provavelmente agitar as águas com declarações sobre a política de imigração, depois de ter exigido 5,7 mil milhões de dólares para a construção do muro provocando a paralisação parcial do Governo durante 35 dias, a maior de sempre, e pela qual metade dos americanos culpam o Presidente, de acordo com uma sondagem da Ipsos para a Reuters.
O discurso terá uma audiência de milhões de americanos, dando a Trump a sua maior oportunidade para explicar porque é necessário o muro na fronteira com México. O discurso foi adiado uma semana por causa do shutdown, que terminou a 25 de Janeiro.
Quando ocupar o centro do palco na Câmara dos Representantes para o grande discurso, atrás de Trump estará sentada a sua maior adversária no Congresso, a democrata Nancy Pelosi, que se tornou líder da câmara baixa do Congresso depois da vitória dos democratas nas eleições de Novembro.
Pelosi não deu sinais de ter mudado de posição quanto ao muro. Esta disputa levou o Presidente a ponderar declarar emergência nacional, o que, na sua visão, permitiria obter o financiamento sem ser necessária aprovação do Congresso.
Mas uma fonte próxima a Trump afirmou que é pouco provável que o Presidente tome esta medida, que poderia ser contestada nos tribunais por parte dos democratas. Em vez disso, Trump deve pedir a formação de um comité para chegar a um acordo sobre a segurança fronteiriça até dia 15 de Fevereiro.
“Ele vai chegar ao palco — disse a mesma fonte — e vai dizer às pessoas: ‘Isto é o que eu devia fazer’, mas em vez disse dirá: ‘Estou a dar ao Congresso uma oportunidade de agir’”.
“Se não houver muro, não há segurança”
O discurso de Trump fará também algumas concessões aos opositores numa altura em que olha para as eleições presidenciais de 2020, em áreas onde há potencial para um acordo, tais como melhorias nas infra-estruturas, redução das despesas dos medicamentes prescritos e cuidados de saúde.
Uma fonte oficial da Administração diz que Trump vai “encorajar o Congresso a rejeitar as políticas de resistência e retribuição, e adoptar um espírito de cooperação e compromisso para que possamos alcançá-lo”.
Mas esta mensagem pode sair prejudicada pela ameaça de Trump de construir o muro na fronteira no México sem aprovação do Congresso. No domingo, Trump escreveu no Twitter: “Se não houver muro, não há segurança”. Disse ainda que o muro, uma das suas promessas na campanha eleitoral em 2016, é necessária para travar a imigração ilegal e a entrada de drogas.
Alguns republicanos têm apelado a Trump para que não declare emergência. “Eu sou a favor de qualquer coisa que previna o nível de disfunção que vimos aqui no mês passado, e também não ajuda a visão da parte do Presidente de que precisa de declarar emergência nacional”, afirmou, na semana passada, aos jornalistas, Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado.
Política Externa
Trump vai também abordar a política externa, incluindo o apoio ao esforço para que o Presidente venezuelano Nicolás Maduro deixe o poder, declara o Daesh totalmente derrotado, e talvez anunciar que vai encontrar-se com o líder norte-coreano, Kim Jong-un. Vai também dar desenvolvimento sobre as conversações comerciais com a China.
Trump, o vice-presidente, Mike Pence, e o chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney, reviram, na segunda-feira, o discurso com cerca de uma dúzia de apoiantes, incluindo os antigos assessores de campanha Corey Lewandowski e David Bossi, bem como Matt Schlapp, presidente da União Conservadora Americana, dá conta uma fonte familiarizada com a reunião.
Esta fonte diz ainda que Trump vai discutir a retirada das tropas norte-americanas na Síria e no Afeganistão, e que cerca de metade do discurso vai ser dedicado à política externa.
Trump vai ainda reivindicar sucesso na política económica, incluindo na redução das regulamentações federais, explica a mesma fonte.
Alguns democratas convidaram pessoas para o discurso para destacar várias causas, algumas em desalinho com as políticas de Trump, tornando possível uma atmosfera de contestação na câmara.
A democrata Pramila Jayapal disse na segunda-feira que vai convidar a cientista especialista em clima Lisa Graumlich, para ressaltar o tema das alterações climáticas.
“Uma coisa que se verá é a Câmara cheia e o Presidente cercado de mulheres, pessoas de cor, indivíduos que foram realmente atingidos por este Presidente e por muitas das suas acções”, disse Jayapal.
Raj Shah, estrategista republicano, defendeu que o discurso oferecerá a Trump a oportunidade de virar a página: “Washington parece agora um pouco insignificante e um pouco pequena e o Estado da União é uma oportunidade para ser ambicioso e falar em temas amplos sobre o que é bom para a América e olhar para além de algumas das questões que marcaram as últimas semanas”.