Merkel pede garantias de que Huawei não faz espionagem com Governo chinês

A chanceler alemã está no Japão e enviou recado à vizinha China por causa das desconfianças face à empresa de telecomunicações Huawei.

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A chanceler alemã Angela Merkel está no Japão em visita oficial LUSA/FRANCK ROBICHON

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu nesta terça-feira a Pequim algumas salvaguardas para garantir que as empresas chinesas não partilhem informações com o Governo central, numa altura de grande desconfiança ocidental em relação aos comportamentos da Huawei. Há um “grande debate” na Alemanha sobre o uso de equipamentos da Huawei, disse Merkel a propósito da gigante de telecomunicações da China.

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A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu nesta terça-feira a Pequim algumas salvaguardas para garantir que as empresas chinesas não partilhem informações com o Governo central, numa altura de grande desconfiança ocidental em relação aos comportamentos da Huawei. Há um “grande debate” na Alemanha sobre o uso de equipamentos da Huawei, disse Merkel a propósito da gigante de telecomunicações da China.

A Huawei, fundada por um ex-engenheiro do Exército chinês, Ren Zhengfei, é suspeita de estar a provocar problemas de segurança nacional em vários países, através do seu software da rede de quinta geração (5G) que está a instalar em telemóveis da marca.

Angela Merkel, que falava aos alunos da Universidade de Keio, em Tóquio, onde se encontra desde segunda-feira numa visita oficial ao Japão, sublinhou que a Alemanha tem adoptado uma abordagem cautelosa até agora em relação à Huawei, mostrando algum cepticismo perante a ideia de um boicote ao gigante chinês, já que, na opinião de Berlim, faltam provas concretas de abusos por parte da empresa. No entanto, Pequim “deve garantir que a empresa não transmite todos os dados ao Estado chinês e [deve garantir] que existam salvaguardas”, disse.

A Austrália e a Nova Zelândia baniram as redes de 5G da Huawei por motivos de segurança nacional, após os Estados Unidos e Taiwan, que mantém restrições mais amplas à empresa, terem adoptado a mesma medida. Também o Japão, cuja agência para a segurança no ciberespaço classificou a firma chinesa como de “alto risco”, baniu as compras à Huawei por departamentos governamentais.

Durante a recente visita a Lisboa do Presidente chinês, Xi Jinping, foi assinado entre a Altice e a Huawei um acordo para o desenvolvimento da tecnologia 5G em Portugal, apesar de também a União Europeia ter assumido “estar preocupada” com aquela empresa e com outras tecnológicas chinesas, devido aos riscos que estas colocam em termos de segurança.

As redes sem fio 5G destinam-se a conectar carros autónomos, fábricas automatizadas, equipamento médico e centrais eléctricas, pelo que vários Governos passaram a olhar para as redes de telecomunicações como activos estratégicos para a segurança nacional.

“O assunto continuará a ser debatido, e isso também faz parte das nossas discussões com os Estados Unidos”, disse Merkel. O peso económico da China confere-lhe “maior responsabilidade de preservar uma ordem mundial pacífica”, acrescentou.

Na semana passada, o Departamento de Justiça dos EUA apresentou uma queixa criminal contra a Huawei, por violar sanções contra o Irão e por roubar segredos comerciais de uma empresa rival norte-americana, no âmbito de uma investigação que já levou o Governo dos Estados Unidos a pedir ao Canadá a detenção da directora financeira da empresa (e filha do fundador), Meng Wanzhou, quando esta transitou num aeroporto canadiano.