Candidatos a reitor da Universidade de Coimbra apontam investigação como prioridade

Há três candidatos da casa e uma do exterior à sucessão de João Gabriel Silva, que ocupa o cargo desde 2011

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Paulo Pimenta

Três dos quatro candidatos tinham anunciado previamente a entrada na corrida à reitoria da Universidade de Coimbra (UC): Amílcar Falcão, Ernesto Costa e José Pedro Paiva. Os três são professores catedráticos da casa e ocuparam já diversas posições na estrutura da UC. A surpresa surgiu no início de Janeiro, com o anúncio dos candidatos aceites pela comissão eleitoral. Duília de Mello, uma astrónoma brasileira a trabalhar nos Estados Unidos, juntava-se ao grupo, bem como um Yang Chen, um professor na Universidade de Macau, que entretanto desistiu.

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Três dos quatro candidatos tinham anunciado previamente a entrada na corrida à reitoria da Universidade de Coimbra (UC): Amílcar Falcão, Ernesto Costa e José Pedro Paiva. Os três são professores catedráticos da casa e ocuparam já diversas posições na estrutura da UC. A surpresa surgiu no início de Janeiro, com o anúncio dos candidatos aceites pela comissão eleitoral. Duília de Mello, uma astrónoma brasileira a trabalhar nos Estados Unidos, juntava-se ao grupo, bem como um Yang Chen, um professor na Universidade de Macau, que entretanto desistiu.

Em declarações ao PÚBLICO, os candidatos a suceder a João Gabriel Silva, reitor desde 2011, na eleição que terá lugar na próxima segunda-feira, dia 11, identificam a investigação como uma das áreas centrais dos seus programas de acção.

Amílcar Falcão, actualmente vice-reitor, defende um maior investimento na investigação, criando mecanismos para melhorar a “capacidade de apoio a todos os investigadores na preparação e submissão de projectos”. O docente de Farmácia rejeita que, fazendo parte da actual equipa reitoral, o seu projecto seja de continuidade. “Sempre fui solidário [com o reitor], o que não quer dizer que não tenha havido divergências em algumas situações. Temos ideias diferentes”, resume.

O director da Faculdade de Letras, José Pedro Paiva, preconiza uma “melhor organização interna” no apoio e no estímulo aos agentes, para poder afirmar a UC como uma “universidade de investigação”. O candidato entende que o conhecimento produzido na UC deve ser transferido para a comunidade, de forma a contribuir para o “desenvolvimento da cidade e região”.

Ernesto Costa, professor e um dos fundadores de Departamento de Engenharia Informática da UC, refere que tem faltado à instituição “capacidade para integrar e coordenar a investigação”, propondo fazê-lo ao transformar o actual Instituto de Investigação Interdisciplinar num instituto de investigação e de inovação”. A investigação, sublinha o também primeiro reitor da Universidade Independente, deve ser articulada com a ligação à região. “A UC não deve estar confinada a Coimbra”, afirma, dando do exemplo do Marefoz, um laboratório associado da UC na Figueira da Foz. “Proponho-me dotar esse centro de meios reforçados e tentar expandir a própria universidade, incluindo a parte formativa, para a Figueira”, exemplifica.

No campo da investigação, Duília de Mello, professora catedrática na Universidade Católica da América, quer fazer uso da sua experiência internacional para ajudar na “atracção de recursos”. Se chegar até dia 11 de Fevereiro, é a primeira candidata estrangeira a ir a votos na Universidade de Coimbra. Em 2011, chegou a haver uma outra candidatura aprovada pela comissão eleitoral, de um docente universitário de dupla nacionalidade, norte-americana e alemã, Krzysztof Sliwa, mas, tal como Yang Chen este ano, desistiu a meio do processo.

Em Coimbra pela primeira vez, a académica brasileira que colabora com o Goddard Space Flight Center, da NASA, refere que se candidatou ao cargo porque estava “à procura de desafios”. Rejeita que um menor grau de conhecimento sobre a estrutura da universidade possa ser uma desvantagem, assinalando que alguém de fora pode ter mais “criatividade e ousadia” para transformar a UC.

O financiamento das universidades voltou recentemente ao debate público, com a questão das propinas. Os três candidatos portugueses defendem o seu fim progressivo, desde que não ponha em causa a sustentabilidade das instituições, sendo que o governo deve compensar financeiramente a perde de receita com as propinas. Neste ponto, a candidata brasileira discorda. “Não considero as propinas altas”, afirma. “Gostaria de propor um modelo proporcional ao nível social dos alunos. Mas isso é apenas uma ideia”.

Nesta segunda-feira, tem lugar a audição pública pública dos quatro candidatos perante o Conselho Geral da UC, órgão composto por 35 elementos que na próxima semana, dia 11, escolhe o reitor para o mandato 2019-2023.