PAN quer proibir corridas de cães
Deputado André Silva é o primeiro subscritor de uma petição com o mesmo objectivo que será discutida no plenário. PAN e Bloco também voltam a insistir no fim da caça com recurso a matilhas que foi chumbado em 2017.
Serão seis as pistas amadoras de corridas de galgos em Portugal e pelo menos 23 os criadores de galgos especializados nesse desporto no país. Há até um campeonato nacional de corridas de galgos. Os animais são sujeitos a "treinos violentos", normalmente dopados, e quando já não servem para as corridas são abandonados ou mortos. Perante este cenário de exploração dos animais, o deputado André Silva quer ver estas corridas proibidas.
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Serão seis as pistas amadoras de corridas de galgos em Portugal e pelo menos 23 os criadores de galgos especializados nesse desporto no país. Há até um campeonato nacional de corridas de galgos. Os animais são sujeitos a "treinos violentos", normalmente dopados, e quando já não servem para as corridas são abandonados ou mortos. Perante este cenário de exploração dos animais, o deputado André Silva quer ver estas corridas proibidas.
No projecto de lei que entregou nesta semana na Assembleia da República, o deputado do PAN – Pessoas-Animais-Natureza propõe a proibição de corridas de galgos e de qualquer outra raça de cães e uma pena de prisão até dois anos ou uma multa para quem promova, organize, divulgue, venda bilhetes, forneça instalações ou preste qualquer tipo de auxílio material à realização dessas corridas. Porém, quem participar com animais em corridas é tratado de uma forma mais benévola, já que a pena de prisão vai apenas até um ano (apesar de também poder ser multado).
Ainda no passado domingo, por exemplo, realizou-se em Macedo de Cavaleiros uma corrida de galgos durante a Feira da Caça e Turismo local.
Nas corridas, os cães de raça Greyhound são colocados numa pista em que têm que perseguir um boneco ou uma lebre ou coelho vivo até cruzarem a linha de chegada. Tal como nas corridas de cavalo, também nas de cães geralmente permitem-se apostas, descreve André Silva no diploma.
De acordo com a organização Grey 2K USA Worldwide, organizam-se corridas de galgos em 28 países, mas apenas sete deles têm pistas profissionais – Austrália, Irlanda, Macau, México, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos. Apesar disso, em algumas cidades destes países as corridas foram proibidas - em Melbourne (Austrália), quando a população soube que eram usados iscos vivos e que os cães menos velozes eram abatidos; em Londres, quando o mayor decidiu encerrar os canódromos.
Porém, o sector tem um peso importante na economia local. Estima-se que no Reino Unido e na Irlanda a criação da raça Greyhound represente 1,9 mil milhões de euros por ano, e as casas de apostas lucraram, em 2014, 300 milhões de euros com as corridas de galgos.
No treino destes cães usam-se, por exemplo, coleiras electrificadas que dão pequenos choques aos que vão ficando para trás. São-lhes dados esteróides para aumentar a massa muscular – mas que a prazo provocam doenças diversas e patologias do foro psicológico. E nas corridas “é normal o recurso ao doping” com substâncias como a efedrina, arsénico, estricnina e até cocaína, descreve André Silva.
Ataque em duas frentes
Além do projecto de lei, o deputado do PAN procurou suscitar a discussão do assunto no Parlamento através da promoção de uma petição que entregou em Dezembro de 2017, com 4586 subscritores, que está desde Dezembro passado nas mãos de Ferro Rodrigues para ser agendada para plenário. Porém, apesar de ser o primeiro signatário da iniciativa, acabou por ser outra peticionante a deslocar-se ao Parlamento para ser ouvida no processo de análise da petição na Comissão de Agricultura e Mar.
PAN e BE insistem no fim da caça com matilha
Depois de terem visto chumbar, em 2017 e 2018, propostas para acabar com a utilização de matilhas na caça, PAN e Bloco voltam a insistir no assunto. Se em 2017 os dois partidos se uniram para apresentarem um só diploma, agora cada um tem o seu projecto. Mas o objectivo é o mesmo: acabar, a prazo, com o uso de matilhas na caça. Permite-se que as actuais matilhas possam manter a actividade, mas não poderá haver licenciamento de novas nem adicionar cães às já existentes, incluindo as crias de fêmeas reprodutoras da matilha.
Os dois partidos argumentam que no processo de caça com matilha, também chamado “caçar a corricão”, podem ser usados até 50 cães em simultâneo. A sua função é “levantar a caça”, ou seja, fazê-la sair do esconderijo. Porém, muitas vezes o que acontece é uma luta entre cães e peça de caça – normalmente raposa, javali ou veados. Ora, é neste particular que PAN e Bloco de baseiam para considerar que se está a promover a luta entre animais, proibida por lei desde 2009, pelo que este tipo de caça deve ser proibido.