Partido Democrata escolhe mulher negra e progressista para responder a Donald Trump

Stacey Abrams saltou para a ribalta ao concorrer a governadora da Georgia, no ano passado. Na próxima semana vai ser a porta-voz da resposta ao discurso do Estado da União.

Foto
Stacey Abrams Reuters/Christopher Aluka Berry

Stacey Abrams, a candidata do Partido Democrata que esteve perto de ser a primeira governadora negra nos Estados Unidos, foi escolhida para responder em directo e para todo o país, no dia 5 de Fevereiro, ao discurso do Estado da União do Presidente Donald Trump.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Stacey Abrams, a candidata do Partido Democrata que esteve perto de ser a primeira governadora negra nos Estados Unidos, foi escolhida para responder em directo e para todo o país, no dia 5 de Fevereiro, ao discurso do Estado da União do Presidente Donald Trump.

"Numa altura em que a nossa nação precisa de ouvir os líderes que podem criar uma união à volta de um objectivo comum, é uma honra responder pelo Partido Democrata ao discurso do Estado da União", disse Abrams numa mensagem partilhada no Twitter.

O líder da minoria do Partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, disse que o convite a Abrams foi feito há três semanas. "Ela é uma excelente porta-voz e uma líder incrível. Liderou a batalha pelo direito ao voto, que está na raiz de quase tudo o resto", disse Schumer.

No ano passado, Stacey Abrams saltou para a ribalta política nacional nos EUA ao candidatar-se ao cargo de governadora da Georgia, um dos estados do Sul do país com um passado marcado pelo racismo e pela escravatura. Se vencesse, seria a primeira governadora negra da História dos EUA.

Em Novembro, perdeu a eleição para o candidato do Partido Republicano, Brian Kemp, mas a derrota por apenas 55 mil votos num universo de quase quatro milhões de eleitores valeu-lhe o reconhecimento como uma das vozes mais representativas de um novo Partido Democrata – muito mais progressista e à esquerda do que se julgava antes da eleição de Donald Trump, em 2016.

Antes de concorrer a governadora, Stacey Abrams esteve dez anos na Câmara dos Representantes da Georgia, onde foi a líder da minoria do seu partido entre 2011 e 2017.

Limitação do voto

Durante a campanha eleitoral, distinguiu-se pela luta contra as políticas de limitação do direito ao voto, que afectam de forma desproporcional os eleitores afro-americanos. Medidas aprovadas pelo governo do Partido Republicano, como a exigência de que os dados pessoais dos eleitores fossem exactamente iguais aos que estão registados nas bases de dados do estado, impediram muitas pessoas de votar.

Depois da eleição, uma organização liderada pelo director de campanha de Stacey Abrams, a Fair Fight Action, interpôs uma acção em tribunal para que o sistema eleitoral da Georgia seja alvo de uma reformulação profunda. Segundo a organização, dos 53 mil eleitores cujo direito ao voto foi suspenso antes das eleições por causa da lei das bases de dados, 70% são negros, apesar de representarem um terço da população do estado.

Discurso adiado

O discurso anual do Presidente dos EUA foi adiado na semana passada devido ao encerramento parcial de algumas agências e departamentos públicos norte-americanos. Foi reagendado para a noite da próxima terça-feira, 5 de Fevereiro (2h de quarta-feira em Portugal).

Durante 35 dias, 800 mil trabalhadores foram enviados para casa ou forçados a trabalhar em serviços mínimos, sem salário, porque as agências em causa não viram os seus orçamentos anuais renovados pelo Congresso.

E o Congresso não chegou a acordo porque o Presidente Trump e o Partido Republicano exigem que o Partido Democrata dê o aval a um reforço de 5,7 mil milhões de dólares no orçamento do Departamento de Segurança Interna. Esse dinheiro seria gasto no início da construção de um muro na fronteira com o México, que a Casa Branca diz ser essencial para travar a imigração ilegal – e que o Partido Democrata diz ser um desperdício de dinheiro numa construção "imoral" e ineficaz.

Como o impasse estava a afectar milhões de pessoas há mais de um mês (os 800 mil funcionários públicos, mais as suas famílias e outros milhares de trabalhadores de empresas privadas com contratos públicos), o Presidente Trump recuou e aceitou, na passada sexta-feira, uma proposta do Partido Democrata que adia o problema: as agências foram reabertas, mas as duas partes têm de resolver o impasse de fundo até 15 de Fevereiro, ou o país poderá enfrentar um novo encerramento parcial do governo federal.