A origem da corrupção: "promiscuidade" entre política e economia, diz PCP
Eurodeputado comunista João Ferreira refere como exemplos privatizações de empresas em sectores estratégicos em Portugal e medidas tomadas na banca.
O eurodeputado e recandidato comunista ao Parlamento Europeu, João Ferreira, apontou esta terça-feira a promiscuidade entre os poderes políticos e os poderes económicos como a razão de ser dos crimes de corrupção e outras más práticas financeiras.
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O eurodeputado e recandidato comunista ao Parlamento Europeu, João Ferreira, apontou esta terça-feira a promiscuidade entre os poderes políticos e os poderes económicos como a razão de ser dos crimes de corrupção e outras más práticas financeiras.
"A corrupção e outros crimes económicos são indissociáveis de opções políticas de fundo. Isto é verdade em Portugal e ao nível da União Europeia. Quando assistimos à promiscuidade que hoje existe entre a política e determinados interesses económicos, ao que é uma subordinação do poder político ao poder económico, isso cria o caldo de cultura para práticas como a corrupção e determinados crimes económicos florescerem", disse, em entrevista à Lusa, que será divulgada neste fim-de-semana.
Portugal continua abaixo da média da Europa Ocidental e da União Europeia (UE) no combate à corrupção, indica o ranking de 2018 sobre níveis de corrupção no sector público elaborado pela organização não-governamental Transparency Internacional divulgado esta terça-feira pelo PÚBLICO.
"Em situações como privatizações de empresas e sectores estratégicos nacionais houve todo um conjunto, ao longo dos anos, de práticas de corrupção e outros crimes de natureza económica. Combater a corrupção passa também por uma mudança de fundo nas políticas que criam o caldo de cultura favorável a essas práticas", afirmou o dirigente comunista e cabeça de lista europeu da Coligação Democrática Unitária (CDU), que junta PCP e "Os Verdes".
O Índice de Percepções de Corrupção (IPC), um ranking anualmente publicado pela Transparency Internacional considerado o principal indicador global sobre os níveis de corrupção no sector público de cada país, refere que Portugal ocupa actualmente a 30.ª posição entre 180 países e territórios avaliados, ao obter uma pontuação de 64 pontos em 100 possíveis.
"Se for ver o que foram as medidas tomadas, por exemplo, no sector bancário e as posições definidas pelos grandes bancos, os megabancos europeus, há uma coincidência praticamente total. A promiscuidade, a submissão do poder político ao poder económico, é isso, em primeiro lugar, que tem de ser combatido", defendeu João Ferreira.
De acordo com aquela organização, Portugal está dois pontos abaixo da média europeia (Europa Ocidental e UE), que é de 66 pontos (média que se mantém inalterada desde 2017), mas 21 pontos acima da média global, que é de 43 pontos. O índice IPC avalia 180 países e territórios a partir das percepções de especialistas externos e de organizações internacionais, num total de 13 fontes, e usa uma escala de zero a 100 pontos, na qual zero equivale a “corrupção elevada" e 100 "transparência elevada".