Uma impressão digital de Leonardo da Vinci num desenho complicado da colecção da rainha

Marca foi identificada no desenho que representa O sistema cardiovascular e os principais órgãos de uma mulher, que vai ser mostrado a partir de Fevereiro no Museu Nacional de Cardiff. “[É uma impressão] tão clara que quase parece ter sido deliberada”, diz um dos curadores da exposição.

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Não é a primeira vez que se encontram impressões digitais de Leonardo da Vinci (1452-1519) em desenhos seus, ou noutros anteriormente atribuídos a outros autores, fazendo instalar a dúvida e o debate. Mas, desta vez, a situação é bem diferente: ao preparar uma selecção de 12 desenhos do grande mestre do Renascimento pertencentes à colecção da casa real britânica que irão ser expostos, a partir do dia 1 de Fevereiro, no Museu Nacional de Cardiff, os responsáveis por este acervo descobriram uma impressão digital especialmente nítida na margem de um deles, o que representa O sistema cardiovascular e os principais órgãos de uma mulher (c. 1509-10).

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Não é a primeira vez que se encontram impressões digitais de Leonardo da Vinci (1452-1519) em desenhos seus, ou noutros anteriormente atribuídos a outros autores, fazendo instalar a dúvida e o debate. Mas, desta vez, a situação é bem diferente: ao preparar uma selecção de 12 desenhos do grande mestre do Renascimento pertencentes à colecção da casa real britânica que irão ser expostos, a partir do dia 1 de Fevereiro, no Museu Nacional de Cardiff, os responsáveis por este acervo descobriram uma impressão digital especialmente nítida na margem de um deles, o que representa O sistema cardiovascular e os principais órgãos de uma mulher (c. 1509-10).

“Já a tínhamos observado antes, mas esta é a primeira vez que olhamos com mais atenção e sentimos que se trata de algo verdadeiramente importante”, disse ao diário britânico The Guardian Martin Clayton, responsável pelas gravuras e desenhos da colecção real britânica. “Isto faz-me sentir um formigueiro”, admitiu o curador, especificando que, perante esta impressão digital, “podemos verdadeiramente sentir [o Leonardo] a trabalhar no desenho, com os seus dedos sujos de tinta”.

A impressão digital, do polegar esquerdo – o autor de Mona Lisa, recorde-se, usava muitas vezes a mão esquerda para pintar e desenhar, embora a lateralidade seja um dos muitos territórios de controvérsia entre especialistas quando se trata de Leonardo –, está inscrita na margem esquerda do desenho. E Martin Clayton acrescenta que “há manchas e impressões parciais noutros desenhos seus, mas esta é a mais nítida, a mais clara e definitiva de Leonardo”.

A mesma convicção foi manifestada, em declaração ao The Art Newspaper, por Alan Donnithorne, antigo conservador da colecção de desenhos da coroa britânica: entre as várias impressões digitais encontradas noutros desenhos do mestre italiano esta é “a candidata mais convincente para ser a verdadeira impressão digital de Leonardo”.

Percebe-se, acrescenta Donnithorne, que “ele pegou na folha com os dedos cheios de tinta”. E Martin Clayton arrisca mesmo em dizer: “É tão clara que quase parece ter sido deliberada”, com a curiosidade de ter ficado registada naquele que é, “provavelmente, o desenho mais complexo de Leonardo, onde há muito para ver”, realça o curador. É verdadeiramente “a cereja em cima do bolo”.

Quando o visitante entrar no Museu Nacional de Cardiff, entre 1 de Fevereiro e 6 de Maio, “estará o mais perto possível de Leonardo, com esta oportunidade de ver a sua impressão digital tão clara”, diz o responsável da colecção real britânica.

A inauguração da exposição com o desenho O sistema cardiovascular e os principais órgãos de uma mulher na capital do País de Gales coincide com uma vasta operação de divulgação da obra do mestre italiano, já que 11 outras, todas elas com 12 desenhos cada retirados do total de 550 que integram a colecção real britânica, serão abertas em outras tantas cidades do Reino Unido, de Belfast a Liverpool, de Glasgow a Manchester, de Bristol a Sheffield.

Trata-se de uma iniciativa integrada no programa mundial que durante 2019 assinala os 500 anos da morte de Leonardo da Vinci, na cidade francesa de Amboise, no dia 2 de Maio de 1519. Recorde-se ainda que, no âmbito deste aniversário, o desenho Rapariga lavando os pés a uma criança, pertencente à colecção da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, vai ser também mostrado em Paris, no Museu do Louvre.

O programa britânico inclui ainda a apresentação de outra selecção de 200 desenhos na Queen’s Gallery, em Londres, e, mais para o final do ano, entre 22 de Novembro e 15 de Março de 2020, uma outra exposição na Queen’s Gallery de Edimburgo, na Escócia.

Em simultâneo com a inauguração das primeiras exposições, já na próxima sexta-feira, Alan Donnithorne lança em Inglaterra Leonardo da Vinci: A Close Look, um livro que reflecte uma actualização “gradual e meticulosa das pequenas evidências acerca da forma como [Leonardo] trabalhava e desenhava”, antecipa Martin Clayton.