Filha de Armando Vara tenta demonstrar que se limitou a confiar no pai

Começa esta segunda-feira a instrução da Operação Marquês, que decorre ao ritmo máximo de cinco tardes por mês. Há diligências marcadas até final de Maio, mas muitas ainda não têm data.

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Armando Vara será ouvido esta terça-feira a pedido da filha Hugo Rainho/Correio da Manha

O interrogatório de Bárbara Vara, a filha mais velha do ex-ministro socialista Armando Vara, será o pontapé de saída da instrução da Operação Marquês, e a única diligência marcada no arranque das sessões no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa. A audição de Bárbara Vara foi pedida pela sua defesa, que vai tentar demonstrar que a jovem se limitou a confiar no pai, como argumenta no respectivo requerimento de abertura de instrução.

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O interrogatório de Bárbara Vara, a filha mais velha do ex-ministro socialista Armando Vara, será o pontapé de saída da instrução da Operação Marquês, e a única diligência marcada no arranque das sessões no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa. A audição de Bárbara Vara foi pedida pela sua defesa, que vai tentar demonstrar que a jovem se limitou a confiar no pai, como argumenta no respectivo requerimento de abertura de instrução.

Bárbara Vara está acusada de dois crimes de branqueamento de capitais, um dos quais relacionado com a alegada ocultação de um milhão de euros que o pai terá recebido para favorecer o empreendimento de Vale de Lobo, no Algarve, nas condições de um empréstimo de perto de 200 milhões de euros, concedido pela Caixa Geral de Depósitos, quando Vara era administrador daquele banco.

A defesa da filha de Vara insiste, no entanto, que a jovem se limitou a ser beneficiária de uma conta, na Suíça, em nome de uma sociedade offshore. “A arguida não teve qualquer intervenção ou conhecimento do recebimento e, ainda menos, da alegada proveniência ilícita desse montante, uma vez que detinha um papel meramente formal naquela conta, mantendo-se alheia à movimentação da mesma”, asseguram os seus advogados. E sublinham: “A arguida limitou-se a confiar no seu pai, como qualquer pessoa, na sua posição, confiaria.”

Os advogados de Bárbara Vara lembram que o próprio pai, quando foi interrogado, em Setembro de 2017, garantiu que a filha se limitava a executar as suas instruções sem as questionar. Por isso, chamaram Armando Vara a depor de viva voz, o que foi aceite pelo juiz Ivo Rosa, que vai ouvir o ex-ministro socialista esta terça-feira. Vara terá de se deslocar do Estabelecimento Prisional de Évora, onde está a cumprir uma pena de cinco anos de cadeia no âmbito do processo Face Oculta.

Tanto Bárbara como o pai serão previsivelmente confrontados com uma mensagem e algumas conversas telefónicas cifradas sobre um intrincado negócio que permitiu à filha de Vara adquirir, em 2009, um imóvel em Lisboa avaliado em mais de 600 mil euros, dando 231 mil euros e uma outra casa em troca. Acontece que esta última acabou por ser comprada por uma empresa controlada pelo pai à sociedade com quem Bárbara fizera a permuta.

A mãe de Bárbara e um dos interlocutores deste negócio serão ouvidos na quarta-feira, dia em que estão marcadas mais duas inquirições, todas pedidas pela defesa da filha de Vara.

As sessões de instrução, que ocorrem a um ritmo máximo de cinco tardes por mês, só regressam a 25 de Fevereiro, dia para que está marcado o interrogatório da ex-mulher de José Sócrates, Sofia Fava, que também pediu para ser ouvida. Fevereiro termina com o interrogatório do primo de Sócrates, José Paulo Pinto de Sousa, acusado neste processo e cujo nome já surgiu associado ao caso Freeport.  Para final de Março estão previstas cinco sessões para ouvir as 15 testemunhas apresentadas pelo antigo responsável da Portugal Telecom, Henrique Granadeiro. 

A pedido do empresário Carlos Santos Silva, o juiz Ivo Rosa irá ouvir um dos principais investigadores deste caso, o inspector tributário Paulo Silva, e o colega Luís Flora, a 27 de Maio. José Sócrates também será ouvido, como pediu, mas a diligência ainda não está agendada. Na mesma situação estão cinco testemunhas que o ex-primeiro-ministro pediu que fossem inquiridas. São eles o ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos, os ex-secretários de Estado Fernando Serrasqueiro, Paulo Campos e Carlos Costa Pina, além do antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos, Carlos Santos Ferreira.