Nuno Melo não acredita que Governo seja penalizado nas europeias

Cabeça de lista do CDS afasta-se de discurso do PSD e PS sobre impostos europeus e lembra que os dois partidos têm um acordo sobre fundos europeus

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Nuno Melo é o cabeça-de-lista do CDS às europeias Adriano Miranda

A estratégia do CDS-PP para as europeias vai passar por se distinguir face ao PS e ao PSD à semelhança do caminho que Assunção Cristas tem vindo a trilhar para as legislativas. A distinção vai passar por frisar que os dois partidos têm um acordo sobre fundos europeus e na oposição aos impostos europeus. “É grave e absurdo” esse discurso de PSD e PS, diz ao PÚBLICO Nuno Melo, o cabeça de lista dos centristas às eleições para o Parlamento Europeu. A quatro meses das europeias, Nuno Melo não antevê que a “governação” do PS venha a ser penalizada nas urnas já que António Costa “beneficia” do trabalho feito pelo anterior Governo. O vice-presidente do CDS recebe hoje e amanhã em Braga, na distrital que lidera, as jornadas parlamentares do partido dedicadas à Europa, Coesão e Segurança.

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A estratégia do CDS-PP para as europeias vai passar por se distinguir face ao PS e ao PSD à semelhança do caminho que Assunção Cristas tem vindo a trilhar para as legislativas. A distinção vai passar por frisar que os dois partidos têm um acordo sobre fundos europeus e na oposição aos impostos europeus. “É grave e absurdo” esse discurso de PSD e PS, diz ao PÚBLICO Nuno Melo, o cabeça de lista dos centristas às eleições para o Parlamento Europeu. A quatro meses das europeias, Nuno Melo não antevê que a “governação” do PS venha a ser penalizada nas urnas já que António Costa “beneficia” do trabalho feito pelo anterior Governo. O vice-presidente do CDS recebe hoje e amanhã em Braga, na distrital que lidera, as jornadas parlamentares do partido dedicadas à Europa, Coesão e Segurança.

Com cartazes e ideias-chave de campanha nas ruas há meses, Nuno Melo já tem a cartilha pronta: sublinhar a “marca distintiva” do CDS como um partido “europeísta e não federalista”, afastando-se de PSD e PS em matérias como os impostos europeus. Os dois partidos “fizeram um acordo de incidência europeia [sobre o próximo quadro de fundos comunitários], o CDS ficou de fora porque discorda” ao mesmo tempo que o primeiro-ministro defendeu a cobrança de impostos por parte de Bruxelas. “É tão grave quanto o absurdo de um discurso, que o PSD também subscreve”, afirma, contrariando a ideia de que é preciso taxar as empresas para poupar os contribuintes: “É falso. Quando se taxa impostos são os contribuintes que pagam”.

Nuno Melo alerta para os efeitos desses impostos na economia portuguesa quer na área dos plásticos como nas empresas que produzem componentes automóveis e ainda as que operam no sector digital. “Não é muito inteligente do ponto de vista europeu. Isso distingue o CDS do PSD e do PS. Os seus protagonistas são federalistas”, aponta, sem referir nomes de candidatos até porque os dois partidos do centrão ainda não anunciaram os cabeças de lista às europeias, marcadas para 26 de Maio. O eurodeputado reconhece que há matérias em que PSD, PS e CDS são “próximos ao contrário do BE e do PCP, que são críticos na União Europeia”.

As eleições europeias são consideradas eleições atípicas do ponto de vista do eleitorado e, às vezes, são aproveitadas para castigar o partido no poder. Na actual conjuntura, com indicadores económicos como o desemprego em queda e um défice a bater recordes, apesar das previsões de arrefecimento da economia, é possível que o Governo leve um cartão amarelo? Nuno Melo acredita que não, mas que a quatro meses ainda há “circunstâncias internas e externas que podem condicionar” o voto.

O vice-presidente de Assunção Cristas recorda as circunstâncias “difíceis” em que PSD e CDS (em lista conjunta) foram a votos nas europeias de 2014. “Neste momento o PS beneficia desse trabalho feito pelo anterior Governo: ascendeu ao poder sem troika, com as contas saneadas e com melhoria da conjuntura. Não acredito que na governação seja penalizado, mas acredito que haja reconhecimento de que o CDS tem feito oposição”, afirma.

Com um PSD instável e com sondagens baixas, Nuno Melo resiste a dizer se essa situação pode beneficiar o CDS ou prejudicar todo o centro-direita. Lembra que o CDS vai a votos por si “sem acordos com o PS” e que já ganhou este ano uma eleição intercalar numa junta de freguesia (Talhadas em Sever do Vouga, que era do PSD). Nas próximas legislativas, o dirigente acredita que “há hipótese de eleger mais um deputado no centro-direita do que à esquerda”. E o efeito do partido Aliança, de Pedro Santana Lopes, pode sentir-se já nas europeias? Nuno Melo diz não desvalorizar e lembra que 2009 e 2014 mostram que “há espaço para novos partidos”, mas rejeita que o Aliança e o Chega sejam fruto de mal uma “crise da direita” e atribui o seu nascimento a “dissidências do PSD”.

Impulsionado pelo resultado histórico de Lisboa nas autárquicas, o CDS-PP parte para o próximo ciclo eleitoral animado com a perspectiva de voltar a ter dois eurodeputados e de poder “ir mais além” nas legislativas. Depois de se ter estreado como eurodeputado há dez anos, é a última vez que Nuno Melo será candidato ao Parlamento Europeu: “Tenciono um dia voltar porque gosto muito da política nacional."