Donos do poço onde caiu Julen podem ser acusados de homícidio por negligência

Autoridades investigam se os homens tinham conhecimento de que o poço onde caiu Julen não estava protegido. Pena por homicídio por negligência pode ir de um a quatro anos de prisão.

Foto
Operações de resgate duraram 13 dias LUSA/DANIEL PEREZ

Depois do último adeus a Julen, o menino de dois anos que caiu a um poço em Totalán (Málaga), é tempo de as autoridades espanholas apurarem responsabilidades directas pela morte da criança. De acordo com o El Mundo, o proprietário do terreno e o responsável do poço podem ser acusados por homicídio por negligência, sujeitando-se ao cumprimento de uma pena de prisão que poderá ir de um a quatro anos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Depois do último adeus a Julen, o menino de dois anos que caiu a um poço em Totalán (Málaga), é tempo de as autoridades espanholas apurarem responsabilidades directas pela morte da criança. De acordo com o El Mundo, o proprietário do terreno e o responsável do poço podem ser acusados por homicídio por negligência, sujeitando-se ao cumprimento de uma pena de prisão que poderá ir de um a quatro anos.

A Guardia Civil, que investiga as circunstâncias que levaram à queda do pequeno Julen, já recolheu os depoimentos de ambos os homens. As autoridades pretendem averiguar se estes tinham conhecimento de que o poço não estava devidamente protegido e poderia constituir um risco para a integridade física, como se veio a confirmar.

De acordo com o diário espanhol El Mundo, a juíza, María Elena Sancho, tem na sua posse vários documentos que levam a crer que o furo de prospecção de água — e respectivas obras efectuadas antes do acidente — não tinham qualquer tipo de autorização legal. "Será a juíza a decidir, mas nós achamos que o dono da propriedade sabia da existência da poço e encomendou as obras ilegais que obrigaram a mover a pedra que estava a selar o furo. Organizou uma reunião familiar com crianças pequenas sem medidas de segurança que pudessem evitar que alguém caísse. Não havia sequer sinalização. Este homem convocou a sua família para uma zona de obras ilegais, sem segurança, a poucos metros da vala onde estava o poço. Resta saber se estava consciente desta situação”, revelou um dos investigadores, citado pelo jornal espanhol.

O corpo de Julen Roselló foi encontrado sem vida, 13 dias após ter caído ao poço. Os resultados preliminares da autópsia mostraram que a criança caiu de forma “rápida e livre” ao longo dos 71 metros de profundidade, apresentando um traumatismo cranioencefálico grave” e “politraumatismos compatíveis com a queda”. O funeral realizou-se no domingo, às 12h locais. A operação de resgate da criança custou cerca de 1,5 milhões de euros, valor que pode ainda ser imputado ao proprietário do terreno e ao responsável do poço, caso se venham a provar responsabilidades directas na morte da criança.