A satisfação de quando o VAR decide bem

No rescaldo da Taça da Liga, mais concretamente da final a quatro, há algumas notas a reter em jeito de resumo.

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No rescaldo da Taça da Liga, mais concretamente da final a quatro, há algumas notas a reter em jeito de resumo.

Houve, no meu ponto de vista, uma maior consideração dos clubes em geral para a importância desta prova e que isso se reflectiu, muito provavelmente, no facto de os finalistas terem sido os quatro primeiros classificados da época anterior e que neste momento são também os mesmos na actual classificação da Liga.

Os jogos foram todos muito equilibrados e intensos e se as arbitragens e o próprio sistema de videoárbitro (VAR), nas meias-finais, estiveram debaixo de fogo por lances contestados e alguns mal avaliados, na final, nesse aspecto, tivemos precisamente o oposto, uma arbitragem quase perfeita com uma decisão a acabar o jogo, da responsabilidade do VAR, que foi consensual e reconhecida como correcta e importante para o desfecho da competição.

Por falar em VAR tivemos esta nuance de dois VAR em vez de um, uma inovação do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol que, de resto, já tinha sido o modelo que a FIFA adoptou no Mundial de 2018, e que também vai ser usado na final da Taça de Portugal. A grande vantagem é que para as decisões em tempo muito curto e com todas as nuances que o protocolo exige e limita, ter dois árbitros a pensar em simultâneo melhora a capacidade de resposta e a qualidade da decisão. Claro que este modelo não é sustentável em termos logísticos para o campeonato, pois o número de árbitros existentes não permite reparti-los entre as nomeações e os VAR. De qualquer forma, um elogio claro a esta decisão do CA que, para momentos especiais das competições, pode ser uma medida muito positiva e assertiva.

Na sequência dos elogios, nota também para uma iniciativa fantástica que foi realizada na cidade do futebol onde os jornalistas tiveram um workshop sobre a utilização da tecnologia de videoárbitro, vestindo eles a pele dos árbitros e experimentando todas as potencialidades do sistema mas também todas as dificuldades e stresses e respostas que tal função e missão exige e que nem sempre são compreendidas pelo público em geral. Embora esta acção já estivesse prevista anteriormente e nada tenha tido a ver com a final a quatro da Taça da Liga, acabou por ser uma feliz coincidência que pelo contexto assumiu publicamente uma maior dimensão.

Ainda desta Taça da Liga destaque para mais três iniciativas muito positivas. A acção realizada e promovida pela Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) no âmbito da iniciativa “Thinking Football”. Luciano Gonçalves, presidente da associação juntou actuais e antigos membros, assim como outros elementos ligados ao sector, com o encontro a servir para debater o “posicionamento da Associação para os tempos futuros".

Outro momento alto foi a corrida do adepto realizada na manhã da final, que juntou mais de 350 adeptos, onde o lazer, a saúde e, sobretudo, o convívio imperaram, sendo que para além dos participantes terem podido passar por dentro do estádio, contou ainda na entrega das medalhas com a presença do presidente da Liga, Pedro Proença.

Ainda na Fan Zone decorreram torneios de futebol, onde algumas estrelas já retiradas do activo brilharam a grande altura e mostraram o porquê de terem feito as delícias de tantos adeptos e fãs, quer ao serviço dos clubes, quer ao serviço da nossa selecção e tudo isto sempre com a aglutinação de pessoas, adeptos e público em geral, pois é para eles que faz sentido a existência de toda esta indústria que é o futebol.

Esta final a quatro teve imensas iniciativas e acções que demonstram o lado mais bonito do futebol e que deve ser sempre aquele onde vale a pena apostar. Fica apenas no ar a ideia, que obviamente teria de ser aprovada regulamentarmente, de que esta competição poderia ter ainda um acréscimo maior de importância se, porventura, o vencedor tivesse acesso a uma competição da UEFA. Claro que todo o modelo em que assenta a estrutura e organização da prova tinha que ser revisto, mas de certeza que iria trazer mais-valias. A Liga está de parabéns pela organização desta semana dedicada ao futebol e não só.