Marcelo assume “grande vontade” de se recandidatar a Presidente da República

Presidente tem repetido que só tomará a decisão sobre recandidatura em 2020, mas também é profícuo em declarações sobre o seu desejo de continuar em Belém depois de 2021.

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LUSA/PAULO NOVAIS

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou neste sábado que sai da Cidade do Panamá, onde permanece até domingo para participar nas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), com "uma grande vontade" de se recandidatar.

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Marcelo Rebelo de Sousa afirmou neste sábado que sai da Cidade do Panamá, onde permanece até domingo para participar nas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), com "uma grande vontade" de se recandidatar.

À pergunta se espera ser Presidente da República a poder receber as jornadas em Lisboa como chefe de Estado, começou por dizer: "Eu tenho dito que a minha decisão é só em meados de 2020." A capital portuguesa deverá receber as Jornadas Mundiais da Juventude em 2022 e o actual mandato de Marcelo Rebelo de Sousa termina em Março de 2021.

"Saio daqui - e amanhã [domingo] admito que mais - com uma grande vontade de, se Deus me der saúde e se eu achar que sou a melhor hipótese para Portugal, com uma grande vontade de me recandidatar", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Questionado sobre o que o faz ter dúvidas, o Presidente português adiantou: "Tenho de ter saúde e tenho de ver se não há ninguém em melhores condições para receber o Papa."

O chefe de Estado português falava aos jornalistas depois de ter participado na missa presidida pelo Papa Francisco na basílica de Santa Maria la Antigua, padroeira do Panamá, e antes de um encontro com o seu homólogo panamiano.

Marcelo Rebelo de Sousa, assumidamente católico praticante, chegou ao Panamá na sexta-feira à noite para participar nas suas primeiras jornadas. "Estou verdadeiramente muito entusiasmado. Primeiro porque há muitos peregrinos portugueses; segundo porque há uma presença muito grande de episcopado português; terceiro porque há a presença - que sei que é muito significativa aqui para o Panamá - da imagem [peregrina] de Nossa Senhora de Fátima", declarou.

Por fim, o Presidente da República referiu não escondeu que veio ao Panamá "na expectativa, no desejo de que no final destas jornadas" haja uma "grande alegria para Portugal", com o anúncio da realização de uma próxima edição das jornadas ser em Lisboa.

"Para nós, além de possível, é desejável. E todos nós já começamos a sonhar - mas só podemos sonhar verdadeiramente a partir de domingo - com o que será junto ao Tejo poder haver o acolhimento de milhares e milhares de jovens de todo o mundo, numa grande jornada de juventude, de fé, mas também de paz, de diálogo, de tolerância, de entendimento e isso poder realizar-se em Portugal, que tem defendido a paz, a tolerância e o entendimento", acrescentou.

Portugal fez lobbying desde 2009 para receber as Jornadas Mundiais da Juventude, quando a Conferência Episcopal Portuguesa apresentou ao Conselho Pontifício para os Leigos o pedido de aqui celebrar uma destas jornadas. Esta iniciativa da Igreja Católica acontece de três em três anos e reúne mais de um milhão de jovens de todo o mundo. Marcelo Rebelo de Sousa empenhou-se no tema nos últimos dois anos.

À conversa com o Papa Francisco

O Presidente português disse aos jornalistas ter conversado "várias vezes" com o Papa na missa que Francisco presidiu na Cidade do Panamá, concretizando-se o terceiro momento em que os dois chefes de Estado estiveram juntos.

"À entrada reconheceu-me logo e recordámos quando estivemos juntos, nomeadamente em Fátima", contou Marcelo. "Depois, quando foi cumprimentar, a certa altura durante a missa, as personalidades, alguns dos cardeais e representantes de outras igrejas", acrescentou.

Já no final da celebração, o Papa Francisco contou-lhe uma história "muito curiosa", relatou Marcelo. "Que tinha tido uma troca de correspondência com o arcebispo Tolentino [Mendonça] sobre dois artigos relativos a Santo António e, a certa altura, nessa troca de correspondência, dizia-se 'Santo António de Pádua' e ele acrescentou, 'de Lisboa, não é de Pádua, é de Lisboa'".

Esta foi a terceira vez que o chefe de Estado português esteve com o Papa Francisco, depois de o ter visitado no Vaticano em 2016, pouco depois de tomar posse, e de o ter acompanhado na visita que fez a Fátima há um ano, por ocasião do centenário das aparições.