Costa em visita oficial a Chipre para intensificar relações económicas e políticas

No âmbito da visita serão assinados acordos entre Portugal e Chipre sobre informação classificada, cooperação cultural e migração. António Costa participa também na Cimeira dos Países do Sul da UE que vai debater as migrações e a reforma do euro.

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António Costa e Nicos Anastasiades há dois anos em Lisboa aquando da realização da cimeira em Portugal. Enric Vives-Rubio

O primeiro-ministro realiza na terça-feira uma visita oficial a Chipre, tendo como objectivos a intensificação das trocas económicas e das relações político-diplomáticas, que se têm alicerçado sobretudo no apoio mútuo a candidaturas a lugares internacionais.

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O primeiro-ministro realiza na terça-feira uma visita oficial a Chipre, tendo como objectivos a intensificação das trocas económicas e das relações político-diplomáticas, que se têm alicerçado sobretudo no apoio mútuo a candidaturas a lugares internacionais.

Acompanhado pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, António Costa chega a Chipre na noite de segunda-feira e a visita oficial decorrerá na manhã de terça-feira, dia em que, pela tarde, participará, também em Nicósia, na V Cimeira dos Países do Sul da Europa.

Na manhã de terça-feira, o primeiro-ministro será recebido no Palácio Presidencial pelo chefe de Estado cipriota, Nicos Anastasiades, numa cerimónia em que deporá uma coroa de flores junto à estátua de Makarios III, o primeiro Presidente da República do Chipre. O encontro político entre António Costa e Nicos Anastasiades, que pelo sistema constitucional cipriota lidera também o Governo do seu país, tem a duração prevista de uma hora, seguindo-se declarações conjuntas aos jornalistas.

No final da manhã, o líder do executivo português terá ainda um encontro com o presidente do Parlamento, Demetris Syllouris, com quem irá almoçar, antes de participar na cimeira.

No plano político, segundo fonte diplomática portuguesa, nos últimos 18 anos, Portugal e Chipre efectuaram várias trocas de apoio a cargos internacionais, a última das quais com a candidatura do antigo ministro socialista António Vitorino ao cargo de director-geral da Organização Internacional para as Migrações.

"Portugal apoiou sem contrapartidas 14 candidaturas de Chipre, a última das quais ao Comité das Partes da Convenção Europeia sobre a Luta Contra o Tráfico de Seres Humanos (Comité GRETA), no mandato 2019-2022, nas eleições que tiveram lugar em Novembro de 2018. O candidato cipriota, no entanto, não foi eleito. Por sua vez, o Chipre apoiou sem contrapartidas 11 candidaturas de Portugal", refere a mesma fonte diplomática.

No âmbito desta visita oficial, Portugal e Chipre estão neste momento a negociar três acordos: um sobre protecção mútua de informação classificada, outro em torno de um programa de cooperação cultural, e um terceiro - considerado o mais importante - de cooperação ao nível dos fluxos migratórios com incidência específica no Chipre.

Cimeira dos países do Sul debate migrações e reforma do euro

Na agenda desta quinta cimeira dos Países do Sul da União Europeia, que se realizará em Nicósia, estão as questões das migrações e da reforma do euro.​ Marcarão presença, além de António Costa, os chefes de Estado e de Governo da França (Emmanuel Macron), Itália (Giuseppe Conte), Espanha (Pedro Sánchez), Grécia (Alexis Tsipras), Chipre (Nicos Anastasiades) e Malta (Joseph Muscat).

Em Roma, na cimeira do ano passado, António Costa manifestou o seu apoio político à continuidade deste grupo de países do Sul, rejeitando a ideia de que contribua para a formação de um bloco de carácter regional dentro da União Europeia. "Este conjunto de países reúne-se pelas suas afinidades, não para dividir a União Europeia, mas para a ajudar a fortalecer. Estou certo que juntos vamos ajudar a ter uma União Europeia mais unida, mais democrática e mais próxima dos cidadãos", declarou na altura.

Tal como nos anteriores encontros deste grupo de Estados-membros da União Europeia, os temas centrais serão a reforma da União Económica Monetária, as políticas de coesão e, sendo todos os países participantes mediterrânicos, a regulação das migrações.

Ao longo do último ano, porém, verificaram-se alterações políticas relevantes em dois dos governos destes países: Espanha e Itália. Se a troca de Mariano Rajoy (conservador) pelo socialista Pedro Sánchez pouco mudou a orientação espanhola em relação à política europeia de migrações, o mesmo já não aconteceu com a mudança política verificada em Itália.

Na última cimeira, há um ano, o executivo italiano ainda era presidido por um democrata de centro-esquerda, Paolo Gentiloni, mas o cargo é agora ocupado por Giuseppe Conte, que lidera uma coligação de Governo entre o Movimento 5 Estrelas e a Liga.

Com uma política diferente do anterior executivo de centro esquerda, o novo Governo de Itália, pela voz do ministro do Interior, Matteo Salvini, também líder da Liga, provocou já em Agosto último uma crise na União Europeia ao ameaçar reenviar para a Líbia 177 migrantes que se encontravam num navio no porto de Catânia, na Sicília, sem autorização para desembarcar.

Relação económica com Chipre é "modesta" mas vantajosa para Portugal

No plano económico, de acordo com dados da AICEP (Agência de Investimento para o Comércio Externo de Portugal), o Chipre é ainda um parceiro "bastante modesto" no contexto do comércio internacional português, apesar de também pertencer à zona euro.

Portugal tem em relação a Chipre uma balança comercial superavitária com um aumento médio anual de 2013 a 2017 de 11,5% e 7,8% nas exportações e importações, respectivamente. Em 2017, o Chipre foi 61.º cliente de Portugal e o seu 110.º fornecedor.

Segundo os dados mais actuais disponíveis, de Janeiro a Novembro de 2018 observou-se um aumento das exportações de 9,7% (com um valor total de 45,2 milhões de euros) e uma subida das importações de 64,4% (com um valor total de 10,1 milhões de euros).

O Chipre foi um dos países da União Europeia que pediu a intervenção externa na recente crise financeira, sobretudo em resultado de problemas na banca, mas agora o FMI (Fundo Monetário Internacional) tem elogiado os progressos registados neste país.

De acordo com o FMI, o PIB (Produto Interno Bruto) do Chipre cresceu 3,9% em 2017, com especial actividade nos sectores da construção, do turismo e dos serviços profissionais. Em 2018, estima-se que o crescimento do PIB tenha rondado os 3,6%.