Frio e gripe provocam mortalidade acima do esperado
Epidemia de gripe de intensidade moderada e dias de frio intenso já provocaram mais mortes do que seria de esperar na terceira semana deste mês.
O pico da epidemia de gripe ainda não terá sido atingido, mas na terceira semana deste mês já havia um excesso de mortalidade em Portugal, indica o último boletim de vigilância epidemiológica da gripe do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) que foi divulgado nesta quinta-feira.
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O pico da epidemia de gripe ainda não terá sido atingido, mas na terceira semana deste mês já havia um excesso de mortalidade em Portugal, indica o último boletim de vigilância epidemiológica da gripe do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) que foi divulgado nesta quinta-feira.
Entre 14 a 20 de Janeiro, a actividade gripal foi de “intensidade moderada”, ainda que com “tendência crescente”, mas a mortalidade por todas as causas estava já bem acima dos valores esperados para esta época do ano, segundo o boletim. O excesso de mortalidade é calculado a partir de uma linha de base construída com estimativas dos valores esperados para a época do ano, tendo em conta a média de anos anteriores.
Mas, quando se olha para o gráfico da rede europeia sobre mortalidade para onde Portugal reporta (EuroMOMO, European Monitoring of Excess Mortality), a situação parece ser mais complicada: do conjunto dos países que enviam dados (vários não o fazem), Portugal era o único com um excesso de mortalidade considerado “alto” e assinalado a azul escuro, na terceira semana de Janeiro e também na anterior.
São dados que devem ser ser olhados com cuidado, pede a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, que lembra que Portugal tem “um sistema online que permite saber ao minuto” quantas pessoas morreram, e que, além de haver países que “não enviam dados” para o EuroMOMO, há outros que recolhem os números de maneira diferente, como acontece, por exemplo, com Espanha, onde a forma de registo dos óbitos “varia de região para região”.
Quanto ao excesso de mortalidade que já está a ser observado em Portugal, Graça Freitas sublinha que estas mortes ocorreram “sobretudo em pessoas muito idosas, com mais de 85 anos”, cujas patologias “descompensam” com o frio. “E este ano há países europeus que têm tido uma actividade gripal moderada, enquanto outros têm tido baixa”, acrescenta, sublinhando que tivemos também “alguns dias de frio intenso em Portugal”.
Este Inverno estão em co-circulação os subtipos do vírus da gripe A(H1) e A(H3), refere ainda o boletim do Insa. O último subtipo de vírus afecta sobretudo as pessoas mais idosas e provoca mais casos e mais graves, sendo por isso habitualmente mais letal.
Relativamente à procura das urgências hospitalares, que está a aumentar, sucedendo-se as queixas sobre serviços que estão sobrelotados, a directora-geral da Saúde admite que a procura é “grande”, até porque “com o frio e a gripe há mais doentes e, obviamente, mais pressão”, mas rejeita que haja situações de “caos”.
No Inverno passado, na última época de gripe, que foi uma das menos intensas desde a pandemia de 2009, registou-se um excesso de mortalidade significativo, 3714 óbitos acima do expectável para essa época do ano.