Venezuela: PS defende eleições livres, PCP critica "golpistas"

Partidos que apoiam o Governo dividem-se quanto à situação política vivida naquele país, onde vivem 300 mil portugueses e luso-descendentes.

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A Venezuela está a ferro e fogo, dividida entre dois Presidentes EPA/CRISTIAN HERNANDEZ

O PS defendeu esta quinta-feira a realização de eleições livres e democráticas na Venezuela, condenou o uso da violência e apelou ao reconhecimento da Assembleia Nacional, cujo presidente, o opositor Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino do país.

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O PS defendeu esta quinta-feira a realização de eleições livres e democráticas na Venezuela, condenou o uso da violência e apelou ao reconhecimento da Assembleia Nacional, cujo presidente, o opositor Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino do país.

Num comunicado divulgado no site oficial do Partido Socialista e nas redes sociais, o PS afirma que "este é o momento para responder à manifestação da vontade clara dos venezuelanos e criar condições para eleições democráticas e livres repondo o funcionamento do Estado de direito na Venezuela".

"O PS apela a que o direito de manifestação livre seja respeitado e condena qualquer uso da violência e da força contra aqueles que pedem um processo democrático transparente e justo e que seja reconhecido o papel da Assembleia Nacional da Venezuela", acrescenta.

Na mesma nota, os socialistas referem que estão a acompanhar a situação política na Venezuela e em especial a situação da comunidade portuguesa residente naquele país.

O PS entende ainda que a "comunidade internacional e a União Europeia devem apoiar o início de um processo político pacífico e livre para permitir o respeito pela Constituição da Venezuela e o normal funcionamento das suas instituições democráticas".

Esta posição do PS segue a linha defendida pelo Governo português. Na quarta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou, através do Twitter, estar a acompanhar "minuto a minuto a evolução da situação na Venezuela", tendo como "principal preocupação" a segurança da comunidade portuguesa, constituída por cerca de 300 mil portugueses e luso-descendentes. 

Na mesma nota publicada da rede social, o MNE informava que o Governo português está em "contacto permanente" com os seus parceiros mais próximos e apelava a que "não haja violência na Venezuela" e que "seja respeitada a legitimidade da Assembleia Nacional", bem como "o direito das pessoas a manifestarem-se pacificamente".

PCP acusa Governo de "seguidismo"

Posição contrária assume o PCP, que "condena com veemência a nova operação golpista orquestrada e comandada pelos EUA contra a Venezuela e o povo venezuelano", considerando que "a insólita 'autoproclamação' de um presidente fantoche, dito 'presidente interino'" afronta "a ordem constitucional deste país", ao "colocar em causa o legítimo Presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro, eleito pelo voto popular".

Na nota do gabinete de imprensa do PCP - que segue a posição da Rússia e da China -, o dedo pela actual situação vivida naquele país é apontado directamente aos EUA: "Operação golpista que se insere na sistemática acção de desestabilização, tentativas de golpes de Estado, boicotes, terrorismo, especulação e açambarcamento, sanções, bloqueio económico, financeiro, político e diplomático, e mesmo a ameaça de intervenção militar por parte dos EUA – que estão na base dos problemas da economia da Venezuela e das dificuldades que o seu povo enfrenta".

Logo a seguir, as críticas dos comunistas dirigem-se ao Governo português, acusando-o de assumir "uma atitude de seguidismo da União Europeia e dos círculos mais reaccionários alinhados com a inaceitável operação de desestabilização e subversão contra a Venezuela".

Para o PCP, a defesa dos interesses nacionais e da comunidade portuguesa que vive na Venezuela "exige da parte do Governo português a assumpção de uma postura soberana que, no estrito respeito da Constituição da República Portuguesa e do Direito Internacional, se paute pelo respeito da soberania e independência da República Bolivariana da Venezuela e pela rejeição e não alinhamento com a escalada de ingerência e agressão contra este País dirigida pelos EUA e apoiada pela UE".

Já para o Bloco de Esquerda, outro partido que apoia o Governo no Parlamento, só eleições livres podem resolver o impasse. Pedro Filipe Soares, líder da bancada do BE, considera que “nenhum dos presidentes tem legitimidade clara para estar à frente da Venezuela”. O deputado defende a realização de eleições livres e democráticas no país. 

“A pressão de uma escolha entre o regime de Maduro, que não soube manter a democracia, e um outro apoiado por Bolsonaro ou Trump, não deve manietar o povo venezuelano”, afirmou, apelando a que se chegue a uma situação política que possa “levar a eleições democráticas em pouco tempo”. 

Pedro Filipe Soares adiantou que o BE tem “estado em contacto” com o Governo e que a posição do executivo assumida até agora “é sensata”, tendo em conta a comunidade portuguesa que vive na Venezuela.

PSD: Presidenciais não foram reconhecidas 

A vice-presidente da bancada do PSD, Rubina Berardo, defende o respeito pelo mandato da Assembleia Nacional da Venezuela e, logo, a presidência interina de Juan Guaidó.

Em declarações aos jornalistas no Parlamento, a deputada apelou ao respeito pelo “mandato de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional” e também à realização de “eleições livres”. “Respeitar o mandato democrático da Assembleia Nacional  equivale a reconhecer a presidência interina de Juan Guaidó”, disse, lembrando que as últimas presidenciais não foram reconhecidas internacionalmente.

O PSD entregou um voto de pesar pelos mortos nas manifestações dos últimos dias contra o Presidente Nicolás Maduro. Rubina Berardo mostrou “preocupação” pela situação no país e disse estar a acompanhar o momento político tendo em conta a comunidade portuguesa e de luso-descendentes que vive na Venezuela.

Na quarta-feira à noite, a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, pediu, através do Facebook, que o Governo reconhecesse Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela para que o país possa promover eleições livres.