Kvitova e Osaka marcam duelo após o pôr-do-sol
A vencedora do Open da Austrália será a futura número um do ranking. João Sousa entra no top 40 em pares e em singulares.
De um lado, a experiente Petra Kvitova, de 28 anos, bicampeã de Wimbledon e vencedora nas finais dos últimos oito torneios que disputou. Do outro, Naomi Osaka, 21 anos, a mais nova tenista a disputar duas finais do Grand Slam consecutivas nos últimos 10 anos. Em comum, têm um enorme poder de fogo e nunca perderam uma final de um major. Serão elas a protagonizar o último duelo do torneio feminino, na noite de sábado em Melbourne, onde, além do título australiano, estará também em jogo o primeiro lugar do ranking.
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De um lado, a experiente Petra Kvitova, de 28 anos, bicampeã de Wimbledon e vencedora nas finais dos últimos oito torneios que disputou. Do outro, Naomi Osaka, 21 anos, a mais nova tenista a disputar duas finais do Grand Slam consecutivas nos últimos 10 anos. Em comum, têm um enorme poder de fogo e nunca perderam uma final de um major. Serão elas a protagonizar o último duelo do torneio feminino, na noite de sábado em Melbourne, onde, além do título australiano, estará também em jogo o primeiro lugar do ranking.
Kvitova (8.ª mundial) e Danielle Collins (35.ª) foram as primeiras a entrar em acção sob um sol escaldante. Quando a meia-final se iniciou, o Heat Stress Scale — índice, de 1 a 5, que mede o impacto do calor — estava em 4.5, mas pouco tempo depois, a 4-4, chegou ao topo da escala. Imediatamente os encontros nos courts exteriores foram suspensos e o tecto da Rod Laver Arena fechado, decisão festejada efusivamente pelos espectadores.
Em condições indoor, Kvitova sentiu-se mais à vontade e a eficácia do seu ténis atacante subiu. A vitória no tie-break deu igualmente confiança à checa, que dominou o segundo set, onde a resistência de Collins, igualmente agressiva, foi decrescendo. Ao somar o 30.º winner, Kvitova fechou o encontro, com 7-6 (7/2), 6-0, e avançou para a final, a primeira de um Grand Slam desde 2014. E igualmente a primeira desta “segunda carreira”, como a própria lhe chama, depois de, em Dezembro de 2016, ter sido sujeita a uma operação para reparar os tendões da mão esquerda, sem garantias de poder voltar a jogar.
“Na verdade, não houve muitas pessoas a acreditar que eu pudesse voltar a jogar ténis a este nível. Foram realmente muito poucas. Estou muito contente por as ter à minha volta”, recordou a checa. Além da longa recuperação, física e mental, Kvitova teve igualmente de lutar com a forma com que chegava aos Grand Slams — com excepção do US Open de 2017, em que chegou aos quartos-de-final, a checa não conseguia ganhar três encontros consecutivos nos majors, até este ano. “Mentalmente, não foi nada fácil lidar com o facto de chegar a um Grand Slam e perder sempre. Talvez, por isso, desta vez seja mais saboroso”, garantiu Kvitova.
Osaka (4.ª) não tem a mesma experiência, mas, como disse o antigo campeão Mats Wilander, “já nasceu experiente”. No primeiro Grand Slam em que participa, a japonesa não tem acusado a pressão e, à medida que vai passando cada ronda e o favoritismo vai aumentando, tem a capacidade de elevar o nível do seu jogo. Nesta quinta-feira, somou 56 winners (incluindo 15 ases) para derrotar Karolina Pliskova (7.ª), por 6-2, 4-6 e 6-4.
Após o set inicial em que não dispôs de um break-point, Pliskova reagiu, motivada pela vitória anterior sobre Serena Williams, após salvar quatro match-points. Mas Osaka não baixou o nível do set decisivo e depois de, a 0-1, anular três break-points, ganhou 10 dos 11 pontos seguintes, para se distanciar para 3-1, vantagem que soube conservar com a ajuda do serviço. “Neste torneio, não estive focada em ganhar. Apenas quis ter a certeza que dava 100% em cada ponto. Ainda cá estou, por isso, está a funcionar”, disse Osaka.
Desde Jennifer Capriati, em 2001, que nenhuma tenista atingia a final no Grand Slam seguinte à conquista do primeiro major. "Todos os treinos valem a pena para se chegar aqui. Estes são os torneios mais importantes. Só há quatro por ano, claro que quero fazer o melhor que posso aqui”, afirmou Osaka, após o 59.º encontro consecutivo que vence, depois de ganhar o set inicial.
Nadal continua intocável
Na primeira meia-final masculina, Rafael Nadal (2.º) dominou Stefanos Tsitsipas (15.º), por 6-2, 6-4, 6-0. Com um movimento de serviço novo e a intensidade de sempre, o espanhol de 32 anos venceu 49 dos 61 pontos disputados com o seu serviço e somou 28 winners. “Tenho estado a jogar bem durante todo o evento. Em cada encontro tenho feito muitas coisas bem. Talvez a esquerda tenha estado melhor do que nos outros dias” disse o campeão de 2009, que chega à sua quinta final em Melbourne, pela primeira vez sem ceder um set.
A resistência de Tsitsipas — que chegou a esta meia-final com mais cinco horas de ténis nas pernas — foi diminuindo e no terceiro set só ganhou oito pontos. “Não sei o que retirar deste encontro, nem sequer estive perto de ganhar alguma coisa. Sinto-me muito estranho. Feliz pelo torneio que fiz, mas ao mesmo tempo, desapontado”, admitiu o grego de 20 anos, o melhor da nova geração neste Open da Austrália.
Na manhã de sexta-feira, Novak Djokovic (1.º) e Lucas Pouille (30.º) discutem o outro lugar na final.
Já João Sousa e Leonardo Mayer não conseguiram um lugar no derradeiro encontro de pares masculinos, ao perderem, por 6-1, 7-6 (8/6), com Henri Kontinen e John Peers, campeões do Open em 2017. A dupla luso-argentina obteve um break quando os adversários serviram a 5-4, para fechar o encontro, e ainda recuperou de 1/4 no tie-break, mas cederia ao fim de hora e meia.
“Não estou feliz por perdermos, mas temos de estar contentes com esta semana, muito positiva, tanto a nível individual como de pares. Nós não conseguimos jogar tão bem como nas rondas anteriores, mas também por mérito do adversário. No segundo set, tivemos algumas oportunidades de virar o encontro, mas eles jogaram muito bem”, disse João Sousa, o único tenista do mundo que, na próxima semana vai surgir no top 40 em ambos os rankings, singulares (39.º) e pares (32.º).
Sousa sai de Melbourne com cerca de 156 mil euros e prossegue a época no Cazaquistão, para a importante eliminatória da Taça Davis – onde, nos dias 1 e 2 de Fevereiro, Portugal vai tentar aceder ao Grupo Mundial –, antes de integrar o circuito sul-americano (Buenos Aires, Rio de Janeiro e São Paulo).