Laranjas com substâncias proibidas pela UE são vendidas em Portugal

Um estudo de uma associação espanhola identificou substâncias utilizados para eliminar pragas e doenças nas laranjas importadas da África do Sul, um dos principais fornecedores extra-comunitários de frutas da União Europeia.

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Sebastião Almeida

Parte das laranjas consumidas em Portugal e importadas da África do Sul contém substâncias proibidas na União Europeia. Um estudo levado a cabo pela Unió de Llauradors, uma instituição de agricultores valenciana, divulgado pelo La Vanguardia, descobriu que existem produtos fitossanitários​ nos citrinos importados para a União Europeia. 

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Parte das laranjas consumidas em Portugal e importadas da África do Sul contém substâncias proibidas na União Europeia. Um estudo levado a cabo pela Unió de Llauradors, uma instituição de agricultores valenciana, divulgado pelo La Vanguardia, descobriu que existem produtos fitossanitários​ nos citrinos importados para a União Europeia. 

O estudo identificou mais de 50 herbicidas ou insecticidas utilizados para eliminar pragas e doenças nas plantas. Entre os produtos encontrados está o paraquat, um herbicida que, se ingerido, pode prejudicar vários órgãos do corpo humano, como o coração, os rins e o intestino. Outra das substâncias encontradas foi o azinfos metil, um insecticida altamente tóxico para anfíbios, peixes, mamíferos, crustáceos, entre outros, e proibido pela Agência de Protecção Ambiental e pela União Europeia desde 2006.

Para a organização agrária espanhola, a União Europeia deve suspender a importação de citrinos da África do Sul – e de qualquer outro país que não cumpra as regras de segurança alimentar – até que este país restrinja o uso de tais substâncias.

A Unió de Llauradors já garantiu que vai continuar a realizar estudos do mesmo género para monitorizar que tipo de produtos fitossanitários ​estão presentes nos alimentos. A sua utilização comporta riscos não só para quem os ingere, mas também para quem os aplica na fruta.

Em comunicado, a organização explica que o uso deste tipo de produtos permite aos agricultores africanos praticar preços mais baixos do que a sua concorrência na Europa. Tanto a Unió de Llauradors como a Associação Valenciana de Consumidores e Utilizadores (AVACU), entidade que encomendou o estudo, já demonstraram a sua preocupação pela entrada de produtos na Europa que tinham sido proibidos há largos anos. 

A Agrotec, uma revista técnico-científica agrícola, afirma que os principais fornecedores extracomunitários de frutas e hortícolas frescas da União Europeia em 2016 foram a África do Sul, Marrocos, Costa Rica e a Turquia. Os dados do Eurostat corroboram essa informação: estes países representam 35% do valor total das importações da UE procedentes de países terceiros, que ultrapassou os 15,3 milhões de euros.

As importações comunitárias procedentes dos quatros países também reforçaram, em 2016, com um crescimento de 4% no caso da África do Sul.

As frutas representaram 99% do valor da importação da UE procedente de África do Sul, com 1,61 milhões de euros do total de 1,63 milhões, com os citrinos a liderarem os produtos importados com um valor de 601 milhões de euros.