Tomás Correia "despede" ex-braço-direito, que sai "preocupado" com o Montepio

José Almeida Serra apoiou lista concorrente e perdeu nas eleições. Sai do grupo Montepio com vários alertas sobre o rumo da associação mutualista, temendo que esta se transforme no "BES do Mutualismo".

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Ao início da manhã do primeiro dia útil, 10 de Dezembro, após a sua reeleição para chefiar a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), com 42% dos votos, Tomás Correia “despediu” José Almeida Serra, que durante mais de uma década foi o seu braço direito no grupo mutualista. A iniciativa surge num contexto em que Almeida Serra, apoiante de uma das listas derrotadas, manifestou o “receio” de que a AMMG acabe por se transformar no "BES do Mutualismo”.

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Ao início da manhã do primeiro dia útil, 10 de Dezembro, após a sua reeleição para chefiar a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), com 42% dos votos, Tomás Correia “despediu” José Almeida Serra, que durante mais de uma década foi o seu braço direito no grupo mutualista. A iniciativa surge num contexto em que Almeida Serra, apoiante de uma das listas derrotadas, manifestou o “receio” de que a AMMG acabe por se transformar no "BES do Mutualismo”.

“Não posso deixar de lhe voltar a manifestar a minha mais profunda preocupação: muito desejaria que a Associação Mutualista não se transforme, como receio, no BES do Mutualismo.” Este é um dos alertas deixados por José Almeida Serra num email, a que o PÚBLICO teve acesso, dirigido a Tomás Correia pouco depois deste lhe ter comunicado que já “não contava” consigo “na Organização Montepio”.

O encontro ocorreu no passado dia 10 de Dezembro, pelas 9h30, ou seja, no primeiro dia útil a seguir à publicação dos resultados eleitorais divulgados na madrugada de sábado, dia 8, que deram a vitória, com 42% dos votos, a Tomás Correia.

Almeida Serra clarifica que dadas as circunstâncias e personalidades” envolvidas, ou seja, a de Tomás Correia e a sua, a “única solução” que antecipava era o seu afastamento, decisão que já tinha tomado. Aliás, logo após a votação que deu a vitória sem maioria absoluta a Tomás Correia, através de um email dirigido a vários responsáveis do Montepio, Serra comunicou que havia renunciado "aos sete cargos que vinha exercendo no grupo”. 

Na mesma comunicação garante que sai sem “certezas positivas quanto ao futuro” e afirma: “espero não ter razão e que as minhas sucessivas chamadas de atenção, que a partir de determinado momento ficaram em acta, não passem de angústias de um qualquer 'velho do Restelo'”.

Por outro lado, teme que esteja a ser planeado um cenário, que não defende, nem considera desejável, que coloque o banco Caixa Económica Montepio Geral, agora chefiado por Carlos Tavares, bem como o grupo, em mãos estrangeiras, assim como “as Lusitânias [companhias de seguro] e outras empresas”.

E deixa o alerta: “que a AMMG esteja sempre com capacidade suficiente para honrar a tempo e horas os compromissos a que se obrigou com cerca de 630 mil associados.”  

Almeida Serra e Tomás Correia assumiram funções na instituição mutualista no mesmo ano, em 2004, quando entraram na gestão de José Silva Lopes.

Em Março 2008, quando Tomás Correia substituiu Silva Lopes, como presidente, Almeida Serra ocupou o lugar de número dois, função que desempenhou até 2015. A partir de 2016, começou a distanciar-se da gestão de Tomás Correia e acabou por apoiar, nas últimas eleições, a lista de Fernando Ribeiro Mendes que conquistou o apoio de 20,5% dos votos. Recorde-se que Almeida Serra e Tomás Correia são ambos militantes socialistas e desempenham funções a vários níveis nesse universo político.

Notícia actualizada às 10h30 com correcção de datas.