Há 170 imigrantes desaparecidos em dois naufrágios no Mediterrâneo
Segundo a OIM, nos primeiros 16 dias do ano chegaram à Europa 4449 pessoas por mar, quando em 2018 no mesmo período chegaram 2964.
Cerca de 170 imigrantes desapareceram no Mediterrâneo em dois naufrágios de botes que saíram da Líbia e Marrocos, informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
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Cerca de 170 imigrantes desapareceram no Mediterrâneo em dois naufrágios de botes que saíram da Líbia e Marrocos, informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Um bote foi visto a afundar-se em águas agitadas na sexta-feira por um avião militar italiano que patrulhava a zona. O avião mandou duas balsas salva-vidas à água, mas teve de abandonar o local devido à falta de combustível, disse o contra-almirante Fabio Agostini ao canal de televisão RaiNews24.
Um helicóptero naval foi enviado para o local, onde três pessoas com hipotermia grave foram resgatadas e transportadas para o hospital na ilha de Lampedusa.
“Durante o resgate, pelo menos três pessoas foram vistas na água aparentemente mortas”, disse Agostini.
Os três sobreviventes disseram ter deixado Gasr Garabulli, na Líbia, na noite de quinta-feira num grupo de 120 pessoas, provenientes maioritariamente de África ocidental, segundo Flavio di Giacomo, porta-voz da OIM.
“Ao fim de cerca de dez a 11 horas no mar o barco começou a afundar-se e as pessoas começaram a afogar-se”, disse Di Giacomo, que acrescentou que entre os passageiros estavam dez mulheres e duas crianças, uma delas um bebé com dois meses.
A Marinha italiana disse ter informado as autoridades libanesas, que ordenaram que um navio comercial se dirigisse ao local, mas a tentativa de resgate foi cancelada após as buscas se terem revelado ineficazes.
Noutro naufrágio, 53 imigrantes que partiram de Marrocos num bote desapareceram depois do que um sobrevivente descreveu como uma colisão no mar de Alborán, no Oeste do Mediterrâneo, segundo a organização não governamental espanhola Caminando Fronteras.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados da ONU (ACNUR) disse num comunicado ter ficado profundamente entristecida com os relatos sobre a morte ou o desaparecimento de cerca de 170 pessoas. A agência informou não ter sido capaz de verificar de forma independente o número de mortos.
A organização não governamental Sea-Watch disse também no sábado que resgatou 47 pessoas do mar, incluindo oito menores não acompanhados, de um outro bote que se encontrava em dificuldades, a norte da cidade líbia de Zuwara.
Matteo Salvini, ministro do Interior de Itália, que fechou os portos italianos aos barcos humanitários desde que o Governo populista e anti-imigração chegou ao poder em meados de 2018, afirmou que os portos vão permanecer fechados para deter os traficantes de seres humanos.
“O mais recente naufrágio é a prova de que, se reabrirmos os portos, mais pessoas vão morrer”, disse Salvini num vídeo publicado sábado na rede social Facebook.
Salvini disse que este ano chegaram a Itália 100 pessoas, quando no mesmo período em 2018 chegaram duas mil.
A chegada de imigrantes à Europa nos primeiros 16 dias de 2019 totalizou 4449 pessoas, quase todas por via marítima, em comparação com 2964 pessoas no mesmo período de 2018, atestam os dados da OIM.
No ano passado, cerca de 2297 imigrantes morreram ou desapareceram no Mediterrâneo, e 116.959 imigrantes chegaram à Europa por via marítima.
Tradução de Raquel Grilo