O diabo pode mesmo vir aí
Com a Alemanha em travagem, a Espanha a rever em baixa o crescimento, a China e os EUA a abrandar, as perspectivas da nossa economia não são francamente animadoras.
Há nuvens negras a formar-se no horizonte da economia, que prenunciam as tempestades que se vão abater sobre as nossas vidas. Adivinhavam-se nas conversas de alguns CEO que prenunciavam um 2019 em sentido descendente, viram-se na tentativa frustrada de três empresas portuguesas de se lançarem no mercado bolsista, confirmam-se nos números da desaceleração da economia mundial.
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Há nuvens negras a formar-se no horizonte da economia, que prenunciam as tempestades que se vão abater sobre as nossas vidas. Adivinhavam-se nas conversas de alguns CEO que prenunciavam um 2019 em sentido descendente, viram-se na tentativa frustrada de três empresas portuguesas de se lançarem no mercado bolsista, confirmam-se nos números da desaceleração da economia mundial.
Com a Alemanha em travagem, a Espanha a rever em baixa o crescimento, a China e os EUA a abrandar, as perspectivas de uma economia pequena, aberta ao mundo como a nossa, não são francamente animadoras.
Para um país que continua a apresentar os níveis de endividamento de Portugal, com problemas de capital e de investimento, fracos níveis de formação, uma classe empresarial débil, as tempestades que se avizinham podem ser mesmo o diabo que alguns anunciaram antes do tempo. Factores como a crescente automação da indústria e dos serviços ou o desequilíbrio demográfico (como aponta Charles Prideaux, em entrevista na edição de hoje) têm a inevitabilidade de os rios correrem para o mar e Portugal fragilidades próprias que aumentam a possibilidade de sermos arrastados pela torrente.
Por isso continuam a fazer sentido os apelos presidenciais para resistir ao eleitoralismo, por isso continua a fazer sentido cultivar alguma contenção orçamental mesmo que as tentações sejam muitas, por isso temos a obrigação de olhar para o ano eleitoral com esse grande e enorme ponto de interrogação que é a economia.
A começar, desde logo, pelas eleições europeias, que talvez sejam das mais importantes em que alguma vez tivemos ocasião de votar. Talvez hoje estejamos mais capazes de interiorizar que há problemas que ultrapassam a escala local, que o “Brexit” é para todos, que a dívida italiana é também um problema nosso, que a crise migratória é uma questão continental, que nos diz respeito uma união monetária que continua a apresentar imperfeições.
A atracção pelas respostas simplistas dos populistas vai ser grande e é por isso importante que os partidos sejam capazes de contrapor soluções realistas, mas capazes de nos guiar nestes tempos de tormenta. Já não é cedo para ouvirmos e debatermos programas eleitorais de forma a perceber se os nossos partidos se vão limitar a fazer das europeias uma antecâmara das legislativas ou se estarão à altura dos desafios que se avizinham na frente europeia. Façam por merecer e dar sentido aos nossos votos.