“Cinco palácios lisboetas para ver antes que caiam”, recomenda-se no El País

O correspondente do jornal espanhol em Portugal aponta o dedo à degradação de património nobre alfacinha no blogue Tu Lisboa y la mía, chamando a atenção para a necessidade do restauro.

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Palácio das Águias - Quinta das Águias Enric Vives-Rubio

Javier Marín del Barrio​ é correspondente do El País em Lisboa e, além de acompanhar a política ou economia, também se dedica, em colaboração com a sua mulher, Rosa Cullell – directora-geral do grupo Media Capital –, a um tema que, já ambos confessaram, é um caso "de amor": Lisboa. Não só publicaram um livro no ano passado como alimentam um blogue dedicado à capital portuguesa no jornal espanhol, Tu Lisboa y la mía (quase o mesmo título do livro, Lisboa, a Tua e a Minha).

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Javier Marín del Barrio​ é correspondente do El País em Lisboa e, além de acompanhar a política ou economia, também se dedica, em colaboração com a sua mulher, Rosa Cullell – directora-geral do grupo Media Capital –, a um tema que, já ambos confessaram, é um caso "de amor": Lisboa. Não só publicaram um livro no ano passado como alimentam um blogue dedicado à capital portuguesa no jornal espanhol, Tu Lisboa y la mía (quase o mesmo título do livro, Lisboa, a Tua e a Minha).

No mais recente texto publicado no blogue, os holofotes recaem sobre as “dezenas de casas nobres” que “esperam um restauro urgente”, traçando-se um passeio por “cinco palácios lisboetas para ver antes que caiam”.

“Em Lisboa, as coisas não se deitam abaixo, caem”, aponta-se, em jeito de adágio. Isto porque “em Portugal e concretamente em Lisboa, o vício é esperar demasiado para actuar. Às vezes, chega-se tarde”, sublinha-se, assinalando que “graças ao turismo, no último quinquénio recuperaram-se inúmeros palácios”, que estavam “abandonados ou sem ninguém com dinheiro para recuperá-los”.

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Resumindo a história do imobiliário alfacinha dos últimos anos, particularmente o de propriedade pública, da Misericórdia, universidades e Igreja, reforça-se que o boom turístico “trouxe o investimento imobiliário”, quase sempre para reconverter edifícios em “hotéis de luxo”, comentando-se que há “tanta vigilância” das “autoridades culturais e patrimoniais, locais e nacionais”, que “por vezes” é “contraproducente, porque o promotor desiste e o palácio continua na sua lenta mas inexorável queda”.

Os “cinco palácios lisboetas a ver antes que caiam”, uma lista desde logo muito chamativa, inclui “o mais triste dos casos”, o Palácio das Águias (Quinta das Águias), na rua da Junqueira (“se há uma rua que simboliza decadência palaciana lisboeta" é "sem dúvida” esta), “uma ruína em selva amazónica”. “Mal sobram azulejos, arrancados peça a peça”, evocando-se aqui as vendas na Feira da Ladra.

Ainda na Junqueira, passa-se para o Palacete da Ribeira Grande, que “não está em muito melhor estado” e depois para o Palácio Burnay, casa desde os anos de 1940 de “diversos organismos” do Estado, “o que não é o melhor para os seus trabalhadores” nem “para o palácio, que vai perdendo o brilho”.

Já nas vizinhanças do Campo dos Mártires da Pátria, destaca-se o Palácio Silva Amado, com um interior que é “uma preciosidade” e que vai na “sua terceira tentativa de reconverter-se em hotel de luxo”, “saltando de imobiliária em imobiliária". Segue-se, também nos Mártires da Pátria, o Palácio do Patriarcado – que por algum lapso no texto no El País não vinha nomeado, mas que facilmente se descobre pelas referências assinaladas. Pertença da igreja, está encerrado e, recorda-se, “espera uma requalificação como hotel de luxo”.

No artigo, que recorre, como sublinham os autores, ao sempre bem informado abandonados.pt (site que colige, precisamente, património ao abandono), há mais exemplos por toda a cidade.

No blogue Tu Lisboa y la mía, Javier Marín del Barrio e Rosa Cullell têm escrito sobre várias temáticas ligadas à capital portuguesa: das festas de Natal às estrelas Michelin, da Web Summit às tabernas e aos pastéis de bacalhau, existindo ainda espaço para listas SOS bem-humoradas, como “Nove truques para sobreviver à ‘ponte dos espanhóis’ em Lisboa”. A versão em livro resumia-se como "doze relatos lisboetas, íntimos, irónicos", "verdadeiras provas de amor pela cidade", nascidos de um "certo dever moral de gratidão a todos os lisboetas".