Ordem dos Médicos do Centro denuncia falhas informáticas no SNS
O software SClínico teve uma avaliação negativa através de um questionário feito a 500 médicos.
Falhas frequentes nas aplicações informáticas utilizadas no Serviço Nacional de Saúde, sobretudo no programa SClínico, estão a prejudicar a actividade clínica e atendimento aos doentes, denunciou esta sexta-feira a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos.
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Falhas frequentes nas aplicações informáticas utilizadas no Serviço Nacional de Saúde, sobretudo no programa SClínico, estão a prejudicar a actividade clínica e atendimento aos doentes, denunciou esta sexta-feira a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos.
A denúncia assenta num inquérito às "funcionalidade e operacionalidade" das aplicações informáticas do SNS, promovido pela Ordem dos Médicos do Centro (SRCOM) na sequência de "inúmeras queixas e reclamações".
A recolha de dados, com mais de 500 respostas, foi realizada através de questionário online anónimo voluntário destinado aos clínicos, em Dezembro de 2018, esclarece a Secção Regional, salientando que "todos os dias chegam à Ordem dos Médicos queixas, denúncias e alertas".
"Dos médicos que responderam ao inquérito, 79,2% afirmam que o programa SClínico não é rápido, 42,5% dizem que não é fácil e 62,6% concluem que não facilita o trabalho em ambiente de consulta", refere a Ordem em documento divulgado e enviado esta sexta-feira à Lusa.
Mais de 82% dos médicos que responderam ao questionário dizem ainda que o programa informático SClínico provoca novos problemas que interferem na actividade clínica.
O estudo mostra ainda que este programa apresenta erros e bloqueios frequentes, situação reportada por 84,9% dos inquiridos. A percentagem dos que afirmam que o serviço de apoio informático ServiceDesk é ineficaz atinge os 74,4%.
"Números que concretizam as inúmeras denúncias da SRCOM: a fraca e péssima qualidade deste serviço prestado pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, EPE (SPMS) faz com que seja cada vez mais difícil, por exemplo, consultar o registo clínico, prescrever medicamentos e Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica", refere o documento.
Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, garante que "os responsáveis dos Serviços Partilhados do Ministérios da Saúde (SPMS) desconhecem a dimensão e a gravidade do problema porque não se deslocam às unidades do Serviço Nacional de Saúde".
O médico garante que "a inércia da entidade responsável pela gestão do sistema informático do SNS está a causar graves problemas, com forte impacto na vida dos utentes", obrigando ao cancelamento ou adiamento de consultas.
"Há doentes que voltam repetidamente ao seu Centro de Saúde, apenas e só devido aos problemas dos constantes bloqueios do sistema informático", garante Cortes.
O médico deixa um apelo aos SPMS: "Antes de se avançar com novos sistemas, é necessário resolver estes bloqueios desesperantes".
O SClínico Hospitalar é um sistema de informação desenvolvido pelos SPMS, comum a todos os prestadores de cuidados de saúde.