Depois de quatro meses de impasse, Suécia tem Governo que deixa extrema-direita de fora
Esquerda e direita moderadas chegaram a um acordo inédito para governar sem a extrema-direita. O social-democrata Sefan Löfven vai assim continuar como primeiro-ministro.
O Parlamento sueco concedeu mais um mandato como primeiro-ministro ao social-democrata Stefan Löfven, depois de quatro meses de impasse que se seguiram às eleições de Setembro.
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O Parlamento sueco concedeu mais um mandato como primeiro-ministro ao social-democrata Stefan Löfven, depois de quatro meses de impasse que se seguiram às eleições de Setembro.
A Suécia já se preparava para eleições antecipadas. Mas, na semana passada, Löfven, do Partido Social-Democrata (centro-esquerda), conseguiu alcançar um acordo histórico com o Partido Popular Liberal (centro-direita), com os Verdes (centro-esquerda) e com o Partido do Centro (centro-direita), para formar maioria parlamentar e assim liderar o Governo.
As eleições de Setembro geraram um impasse registando-se um empate entre esquerda e direita. A extrema-direita, representada pelos Democratas Suecos (partido com raízes neo-nazis), conquistaram 18% dos votos e garantiram 62 deputados.
Ou seja, neste complexo puzzle político que saiu da votação, os deputados da extrema-direita poderiam ser decisivos para a formação de uma maioria. Mas tanto a esquerda como a direita rejeitaram chegar a qualquer entendimento com o partido liderado por Jimmie Åkesson, o que gerou meses de negociações e de tentativas falhadas de formação de um Governo.
“Cada vez mais Governos estão a tornar-se dependentes de partidos com uma agenda antidemocrática”, disse Löfven no Parlamento, depois de ter vencido a votação nesta sexta-feira. “Mas na Suécia defendemos a democracia e a igualdade. A Suécia escolheu um caminho diferente”, afirmou ainda, citado pela Reuters.
O próximo Governo será por isso formado pelos sociais-democratas e pelos verdes, tal como era até aqui, sendo que conta com o apoio parlamentar da direita do Centro e Liberal. A abstenção do Partido da Esquerda (composto por ex-comunistas) foi também decisiva, pois estes chegaram a ameaçar votar contra a investidura de Löfven por não terem sido tidos em conta durante as negociações.
Desta forma, 115 deputados votaram a favor de Löfven, 153 contra, 77 abstenções e outros quatro faltaram à votação – de acordo com o sistema político sueco, um primeiro-ministro é eleito desde que a maioria do Parlamento não vote contra ele.
Mas há desafios que esperam o novo Governo. Esta é uma solução política nunca tentada, onde a esquerda e a direita se unem, mantendo, no entanto, os seus princípios ideológicos bem distintos.
Além disso, os Democratas Suecos contam com 62 dos 349 deputados, possuindo assim significativa presença parlamentar, o que pode tornar a vida do novo Executivo difícil.
Para conquistar o apoio da direita moderada, Löfven comprometeu-se a aliviar a carga fiscal, exigência quer do Centro quer dos Liberais.
Além disso, o primeiro-ministro conta também com a oposição da Esquerda, cujo líder, Jonas Sjöstedt, já avisou que não terá problemas em apresentar uma moção de censura caso o governante ultrapasse o que considera ser as “linhas vermelhas” na política da habitação e segurança laboral.