Saída desordenada do Reino Unido da UE seria “catastrófica”, diz Barnier

Negociador-chefe da Europa para o Brexit explicou os cenários possíveis ao Conselho de Estado português. Todos os conselheiros manifestaram grande preocupação.

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Michel Barnier participou no terceiro Conselho de Estado sobre o "Brexit" LUSA/MÁRIO CRUZ

Uma saída desordenada do Reino Unido da União Europeia seria “catastrófica”, mas a verdade é que a Europa só está disponível para rever a sua posição na declaração política quanto ao futuro das relações com aquele país, e não para renegociar o acordo de saída, que foi “chumbado” pelo parlamento britânico na terça-feira. Foi isso que explicou o negociador-chefe da Europa para o "Brexit", Michel Barnier, ao Conselho de Estado português, num momento em que se vive um impasse neste processo.

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Uma saída desordenada do Reino Unido da União Europeia seria “catastrófica”, mas a verdade é que a Europa só está disponível para rever a sua posição na declaração política quanto ao futuro das relações com aquele país, e não para renegociar o acordo de saída, que foi “chumbado” pelo parlamento britânico na terça-feira. Foi isso que explicou o negociador-chefe da Europa para o "Brexit", Michel Barnier, ao Conselho de Estado português, num momento em que se vive um impasse neste processo.

Barnier replicou aos conselheiros de Estado aquilo que dissera de manhã na Assembleia da República e à hora do almoço no encontro com o primeiro-ministro: "O contexto é grave e o tempo limitado. (…) "É responsabilidade dos deputados britânicos, do Governo britânico, dizer o que pensam deste acordo que negociámos juntos. Esperamos que, após o diálogo político, May nos diga como vão ser as coisas”. Mas a sensação que deixou no ar é que tem dúvidas de que os britânicos consigam chegar a algum consenso quanto ao processo.

No Conselho de Estado, Barnier referiu-se à existência de abertura da UE para rever a declaração política para o futuro das relações entre as duas partes e até para um alargamento do prazo para a saída – que está marcada para 29 de Março -, mas não para rever o acordo negociado (e chumbado pelo parlamento britânico). Quanto ao alargamento do prazo, é preciso que o governo britânico o faça, com que prazo (até porque há eleições europeias em Maio) e com que fundamentos – se for para uma renegociação do acordo, não valerá a pena. Mas se servir para um novo referendo, acende-se o sinal verde-esperança.

Do cenário mais optimista falara o primeiro-ministro português na conferência de imprensa: “Tudo o que o Reino Unido queira para ficar na UE ou ter a relação mais ampla possível com a UE, obviamente é bem-vindo e não terá nenhuma oposição". Antes, o negociador europeu tinha sido mais contido, dizendo apenas que "se o Reino Unido mexer nas linhas vermelhas, a União Europeia mexe imediatamente".

Certo é que, à terceira reunião do Conselho de Estado sobre o Brexit, a preocupação não diminuiu, muito pelo contrário. Todos os membros deste órgão de consulta do Presidente da República manifestaram a sua consternação, sobretudo levantando questões, depois de ouvir Michel expor os pormenores da negociação com o Reino Unido e os cenários possíveis – desde o adiamento da saída à tão temida saída desordenada, que pode espoletar uma crise internacional.

Não foi por acaso que Marcelo Rebelo de Sousa marcou já para 1 de Março uma nova reunião deste seu órgão consultivo com uma convidada de peso: a directora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, para debater as repercussões mundiais do Brexit. As ondas de choque ameaçam acelerar o arrefecimento da economia global, com especial incidência na Europa e nas economias mais frágeis e o chefe de Estado sabe disso.

Para os mais de 300 mil portugueses a viver no Reino Unido e mais de 22 mil britânicos em Portugal, o Governo aprovou esta quinta-feira um plano de contingência que o primeiro-ministro apresentou resumidamente no final da reunião do Conselho de Estado – ainda que espere que não seja necessário aplicá-lo.