Apoio improvável: Menezes estará com Rio "até à vitória nas legislativas"
Conselho Nacional começou com o líder ao ataque. “O PS pôs-se a jeito de perder as eleições e cabe ao PSD pôr-se a jeito para as ganhar", disse. Requerimentos apresentados serão analisados na pausa para jantar, às 20h.
O Conselho Nacional do PSD arrancou com o líder do partido ao ataque. Depois de Paulo Mota Pinto ter apresentado a moção de confiança que será submetida à votação dos conselheiros nacionais, Rui Rio iniciou o seu discurso e queixou-se do clima de “guerrilha” que se vive no partido. Usou expressões como “cabala”, “terramoto” e “pura dramatização” para se referir ao actual estado de coisas no partido. Ainda antes do jantar recebeu um apoio improvável: Luís Filipe Menezes garantiu que o apoiará até às legislativas.
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O Conselho Nacional do PSD arrancou com o líder do partido ao ataque. Depois de Paulo Mota Pinto ter apresentado a moção de confiança que será submetida à votação dos conselheiros nacionais, Rui Rio iniciou o seu discurso e queixou-se do clima de “guerrilha” que se vive no partido. Usou expressões como “cabala”, “terramoto” e “pura dramatização” para se referir ao actual estado de coisas no partido. Ainda antes do jantar recebeu um apoio improvável: Luís Filipe Menezes garantiu que o apoiará até às legislativas.
O ex-líder do PSD foi um dos últimos sociais-democratas a subir ao púlpito antes da pausa para defender a direcção nacional e o líder. Foi a surpresa da noite. Luís Filipe Menezes disse também que não quer "um Presidente da República só para selfies".
Na intervenção que fez dentro do conselho nacional, Luís Filipe Menezes começou por dizer que “em democracia nunca é tarde para colocar em causa uma liderança", mas a seguir disponibilizou-se a integrar a lista de deputados à Assembleia da República pelo Porto em último lugar. Pouco depois de Menezes falar aos jornalistas, Rui Rio desceu para dar um abraço ao antigo líder do partido e ex-presidente da Câmara de Gaia já fora do hotel.
Manobras de corredores
“O PS pôs-se a jeito de perder as eleições e cabe ao PSD pôr-se a jeito para as ganhar”, disse Rio, esta quinta-feira, no Porto, durante a sua intervenção em que perdeu algum tempo a falar sobre o logro que podem ser as sondagens e em que acusou Luís Montenegro de nunca ter ganho uma eleição, sem ter referido o nome.
No seu discurso, o líder do PSD disse nunca ter andado em "manobras de corredores" e a conspirar contra quem foi democraticamente eleito. Rio assumiu ser melhor em eleições do que em sondagens, mas defendeu que há quem seja o contrário. Fora da sala, após esta intervenção, o secretário-geral do PSD, José Silvano, assegurou que Rui Rio foi "muito aplaudido".
Os requerimentos entretanto apresentados à mesa serão analisados durante a pausa para jantar, entre as 20h e as 21h. A mesa indicou que há 75 inscrições e que cada conselheiro dispõe de cinco minutos para intervir. A votação da moção só acontecerá no final dos discursos.
Portugueses são mais importantes que partidos
A chegada do ex-líder Luís Filipe Menezes à sala onde decorre a reunião foi recebida com uma grande salva de palmas. Antes de entrar, Luís Filipe Menezes declarou que “os partidos políticos são muito importantes e que o PSD é, porventura, o partido político mais importante da democracia portuguesa, mas que os portugueses são mais importantes do que os partidos”.
Sobre a crise política que o partido atravessa nem uma palavra, remetendo qualquer comentário para o conselho nacional onde tem assento como antigo presidente do PSD.
Isaura Morais, que foi mandatária distrital de Santana Lopes, em Santarém, nas últimas directas, foi a primeira militante a falar após as inscrições. Defendeu que Rui Rio deve cumprir o seu mandato até ao fim.
A seguir, o presidente da distrital de Lisboa, Pedro Pinto, deixou um aviso: "Rui, não tens condições para levar o partido a ganhar as próximas eleições".
Seguiu-se um apoiante de Rio. O ex-presidente do Governo Regional dos Açores, Mota Amaral, defendeu a continuidade do líder e lembrou que os “adversários fora do partido”. Defendeu que a votação da moção deveria ser feita nominalmente, lembrou a que ocorreu ontem no Parlamento britânico e recordou Sá Carneiro que “sempre tomou as suas posições de cabeça erguida”.
Depois foi a vez de Miguel Albuquerque, o líder do Governo Regional da Madeira, que faltou ao Conselho de Estado para apoiar a moção de confiança à direcção.
Críticos querem distância do PS
A questão da proximidade em relação ao Governo e a António Costa foi levantada na intervenção de Maria Luís Albuquerque. A ex-ministra das Finanças avisou que "o PS nunca foi um parceiro de confiança para fazer acordos" e disse que "com este Governo a dúvida que existe é se nos leva a um pântano como o de Guterres ou a uma bancarrota como a de José Sócrates".
O eurodeputado e líder da distrital de Braga José Manuel Fernandes alertou para a circunstância de que o partido não pode estar sujeito a sondagens, se não deixa de ser popular e passa a ser populista. Por este caminho, observou, aqueles que se disponibilizam para líderes têm de apresentar sondagens a mostrar que são melhores.
Hugo Soares, o braço direito de Luís Montenegro, acusou Rui Rio de não fazer oposição ao Governo e de estar a conduzir o partido como se fosse um carro contra a parede. Montenegro continua ausente do conselho nacional. O presidente da mesa, Paulo Mota Pinto, recusou apreciar o requerimento apresentado pelo autarca Almeida Henriques para se convidar o ex-líder parlamentar por não ter sido o próprio a fazer esse pedido.
Carlos Reis, outro conselheiro nacional, que liderou a segunda lista ao conselho nacional mais votada no congresso, declarou apoio a Rui Rio. No pólo oposto, um crítico do líder do partido, Pedro Alves, alertou para a hipocrisia, dizendo que até há gente na comissão política nacional que diz mal de Rio mas que não tem coragem de lhe dizer pessoalmente. O deputado, que lidera a distrital de Viseu, defendeu que a clarificação deveria ser através de eleições directas.
A histórica militante de Lisboa Virgínia Estorninho atacou Rui Rio, dizendo que sempre votou no PSD e que o líder do partido não pode dizer o mesmo. "Que o diga aqui o nosso companheiro, Luís Filipe Menezes", disse.