Uma família alemã em telefilme de luxo

Florian Henckel von Donnersmark tem a alma de um “cineasta de prestígio”, arrumadinho e académico, propenso ao “telefilme de luxo”.

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Desde As Vidas dos Outros (razoavelmente conseguido filme sobre a vida na RDA) que Florian Henckel von Donnersmark tem tido dificuldade em voltar à mó de cima, fracassada que foi a sua “co-optação” pelo cinema americano (o péssimo O Turista, com Johnny Depp e Angelina Jolie). Ei-lo então de volta à história do século XX alemão, numa obra a que não falta, teoricamente, fôlego: é o nazismo, é a II Guerra, e são as duas Alemanhas do pós-guerra, através do desenvolvimento duma teia familiar cruzada que inclui todo o tipo de gente, de vítimas do nazismo a seus perpetradores, passando por sobreviventes.

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Desde As Vidas dos Outros (razoavelmente conseguido filme sobre a vida na RDA) que Florian Henckel von Donnersmark tem tido dificuldade em voltar à mó de cima, fracassada que foi a sua “co-optação” pelo cinema americano (o péssimo O Turista, com Johnny Depp e Angelina Jolie). Ei-lo então de volta à história do século XX alemão, numa obra a que não falta, teoricamente, fôlego: é o nazismo, é a II Guerra, e são as duas Alemanhas do pós-guerra, através do desenvolvimento duma teia familiar cruzada que inclui todo o tipo de gente, de vítimas do nazismo a seus perpetradores, passando por sobreviventes.

Von Donnersmark não é vulcânico como Fassbinder nem é metódico como Edgar Reitz, para mencionar dois cineastas alemães que trabalharam com propósitos e ambições semelhantes. Pelo contrário, tem a alma de um “cineasta de prestígio”, arrumadinho e académico, propenso ao “telefilme de luxo” que é o que Nunca Deixes de Olhar parece ser, interessado até em encontrar a beleza no horror (ver a sequência do bombardeamento de Dresden, cheia de efeitozinhos encantatórios). Mas o filme sofre também com a sua ausência de centro definido, sempre a esvoaçar, a largar personagens e situações que pareciam promissoras mas depois ficam esquecidas e por desenvolver (por exemplo a personagem de Paula Beer, mulher do protagonista, que a certa altura se torna presença meramente decorativa).

Apesar de tudo, ainda é quando o filme tem o foco na História que é mais interessante; quando o perde, e se concentra no percurso artístico do protagonista, esboroa-se completamente, afundado em lugares-comuns sobre a arte e a criação.

Perto do final, fala-se da expressão que dá o título original (“uma obra sem autor”) — não é claro a onde que Donnersmark chegar com isso, talvez a uma metáfora do próprio movimento da História. Mas parece mais uma reivindicação artística, porque Nunca Deixes de Olhar é um filme desprovido de qualquer rasgo, de qualquer sinal de uma personalidade.

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