Os notáveis do PSD que vão a caminho do Porto para defender Rui Rio (ou não)

Ex-líderes Rui Machete e Marques Mendes não vão ao conselho nacional do partido.

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PÚBLICO

Mota Amaral e Miguel Albuquerque vão; Cavaco Silva, Marques Mendes e Rui Machete não. Os dois primeiros sociais-democratas vão apoiar Rui Rio; já Rui Machete, se fosse, não confiaria o seu voto à actual liderança. Na véspera do conselho nacional do PSD, marcado para esta quinta-feira no Porto, o PÚBLICO fez uma ronda junto de algumas figuras de relevo do partido para saber se vão ou não àquela reunião e como pretendem votar a moção de confiança à direcção de Rui Rio.

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Mota Amaral e Miguel Albuquerque vão; Cavaco Silva, Marques Mendes e Rui Machete não. Os dois primeiros sociais-democratas vão apoiar Rui Rio; já Rui Machete, se fosse, não confiaria o seu voto à actual liderança. Na véspera do conselho nacional do PSD, marcado para esta quinta-feira no Porto, o PÚBLICO fez uma ronda junto de algumas figuras de relevo do partido para saber se vão ou não àquela reunião e como pretendem votar a moção de confiança à direcção de Rui Rio.

O antigo Presidente da República Cavaco Silva não fará qualquer comentário sobre o assunto. “Tal como enquanto Presidente não interferiu na vida interna de um partido, enquanto ex-Presidente também não o irá fazer”, disse ao PÚBLICO o assessor. Também o antigo presidente do partido Luís Marques Mendes não marcará presença: “É uma regra que não tenciono quebrar [não ir a conselhos nacionais]", disse ao PÚBLICO. Além disso, os dois têm, no mesmo dia, reunião do Conselho de Estado, em Lisboa. Pedro Passos Coelho também explicou ao PÚBLICO que se manterá fora da política, remetendo-se ao silêncio.

Já o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, assume que vai faltar ao Conselho de Estado, órgão no qual tem assento, para poder estar presente no conselho nacional (acompanhado por mais três representantes madeirenses) e votará a favor da moção de confiança.

“Somos favoráveis à manutenção. Tudo o que sejam alterações neste momento é mau para o partido. É mau para os interesses da região [autónoma], é mau para os interesses do país. Neste momento temos um líder eleito e este não é o timing para se fazerem eleições internas. Temos as europeias já em Maio, temos as eleições regionais a 22 de Setembro e temos as eleições nacionais em Outubro. Não é o momento para congressos ou disputas eleitorais. Estamos a desviar o foco do problema. O PSD tem de ser alternativa à governação das esquerdas em Portugal", disse Miguel Albuquerque ao PÚBLICO.

Também o social-democrata Mota Amaral assume, de forma clara, que vai estar presente e “apoiar a moção de confiança de Rui Rio”. A posição tão claramente assumida vai ao encontro, aliás, do que defende dever ser a transparência de posturas num partido. “É impensável que as pessoas não estejam disponíveis para assumir as suas posições de cara descoberta num partido”, diz ao PÚBLICO, sobre a polémica em relação à forma como deve ser votada a moção. E acrescenta mesmo ser “inqualificável” a ideia de que se possa “praticar uma política em que se diga uma coisa pela frente e outra pelas costas”.

Para o antigo presidente do Governo Regional dos Açores, não faz sentido que se recorra ao voto secreto naquela reunião. Apesar de já ter defendido que devia ser uma votação nominal, chamando cada um a votar e fazendo corresponder um nome a um voto, já explicaram ao social-democrata que tal não seria possível, porque a figura não existe no regulamento do partido.

Mota Amaral insiste, porém, que a votação não reflecte um “juízo sobre qualidades pessoais”, sendo antes “uma questão política” em que “cada um” deve “assumir” as “suas responsabilidades”.

Sobre o seu apoio a Rui Rio, justifica-o com o facto de o actual líder ter sido eleito para um mandato de dois anos, devendo cumpri-lo até ao fim, incluindo levar o partido às eleições europeias e legislativas. Para Mota Amaral, é assim que o processo deve decorrer e não interrompê-lo “a meio do mandato, porque apeteceu a quem quer que seja”.

Já Rui Machete lamenta que, embora cumprindo as regras, uma reunião “desta importância” tenha sido marcada num tão curto espaço e para o Porto. O social-democrata não pode ir, porque já tinha um compromisso, mas garante ter “pena” de não participar.

Não esconde qual seria o sentido do voto, caso fosse, e explica que essa posição decorre “da atitude” que tomou quando apoiou Santana Lopes, “que infelizmente já não está no partido”, na última corrida à liderança do PSD: “Não apoiei o dr. Rui Rio e mantenho essa posição”, disse ao PÚBLICO.

O PSD está a atravessar uma crise interna, com alguns rostos, entre os quais se tem destacado o de Luís Montenegro, a assumirem uma atitude crítica em relação à direcção de Rui Rio e a ponderarem avançar com candidaturas à liderança. Luís Montenegro já assumiu oficialmente a intenção de se candidatar à presidência do PSD e desafiou Rui Rio a marcar eleições directas no partido.