Costa espera que “geringonça” se possa “renovar” após legislativas
O primeiro-ministro disse que, nesta fase final da legislatura, o pior que podia acontecer era que “se entrasse em radicalismos” que colocassem em causa a solução que considerou um factor de enriquecimento da democracia.
O primeiro-ministro, António Costa, manifestou nesta quarta-feira vontade que a solução política de apoio ao Governo, a chamada “geringonça”, “conclua a legislatura e se possa renovar” após as eleições legislativas, em Outubro, "independentemente do que sejam os resultados eleitorais".
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O primeiro-ministro, António Costa, manifestou nesta quarta-feira vontade que a solução política de apoio ao Governo, a chamada “geringonça”, “conclua a legislatura e se possa renovar” após as eleições legislativas, em Outubro, "independentemente do que sejam os resultados eleitorais".
Num almoço-debate na Associação 25 de Abril, a chamada "gerigonça" foi muito elogiada pelos associados presentes e pelo primeiro-ministro que atribuiu todos os sucessos políticos do Governo à solução governativa que inclui BE, PCP, Verdes e PS.
António Costa chegou mesmo a dizer que, nesta fase final da legislatura, o pior que podia acontecer era que “se entrasse em radicalismos” que colocassem em causa a solução que considerou um factor de enriquecimento da democracia. "Aquilo que seria o maior erro era, nesta pressa final de cada um começar a contabilizar ganhos e perdas do ponto de vista eleitoral, colocarmos em causa aquilo que foi um factor de enriquecimento da democracia e de esperança para muitos portugueses, ou por radicalismo precipitado, ou por calculismo injustificado", afirmou Costa.
"'Geringonça' forever", chegou a gritar-se na sala. Costa sorriu.
No princípio de Junho do ano passado, quando se aproximavam as difíceis negociações para o Orçamento do Estado com os parceiros que apoiam o Governo, António Costa afirmou que continuidade da "geringonça" é necessária, porque “o mundo não acaba com esta legislatura, mas continua desde logo com outra legislatura.” “É preciso que todos provemos bem esta solução nesta legislatura, para todos merecermos ter continuidade desta solução de governo na próxima legislatura”, disse na altura.
O primeiro-ministro vem agora, em ano eleitoral, reforçar esta ideia, o que pode indiciar a sua convicção de que o PS não obterá uma maioria absoluta, ou de que quer preservar alguma paz social num ano com três actos eleitorais – europeias, legislativas e regionais na Madeira.
Costa foi chamado a participar numa iniciativa da Associação 25 de Abril e da revista Ânimo, intitulada “Animados Almoços”. Nela, o primeiro-ministro foi desafiado a fazer um balanço dos cerca de três anos da “geringonça”. E a dita cuja veio logo à conversa na intervenção inicial do presidente da associação, Vasco Lourenço. O "capitão de Abril" lembrou que pedia esta solução há cinco anos, elogiou-a, manifestou vontade de que o PS ganhe as eleições legislativas, “mas sem maioria absoluta”, para que a "geringonça" se mantenha activa.
Costa respondeu-lhe pouco depois: "Se o Vasco Lourenço conseguir reunir todos os eleitores do país e conseguir combinar com todos o resultado certo que lhe dá essa fórmula mágica, fico muito contente."
Mas para o primeiro-ministro, "o que não convém é, para evitar um resultado, termos depois [outro] resultado que não desejamos. Portanto, à cautela, convém assegurar que a actual solução política continua maioritária e que tem condições para continuar a governar.”
António Costa desfez-se mesmo em elogios à chamada “gerigonça”: “foi muito importante, não só do ponto de vista da aritmética e, portanto, tem pouco a ver com os resultados eleitorais”; “independentemente dos próximos resultados eleitorais, esta solução demonstrou muitas virtualidades, já que permitiu a todos aprendermos, irmos mais longe do que julgávamos que podíamos ir”; “permitiu a todos uma visão mais integrada do que é a realidade do país”; “permitiu à nossa democracia ser mais rica do que era anteriormente."
"Os portugueses têm ao seu dispor mais alternativas, o que permitiu uma nova dinâmica de diálogo social, político e cultural. Conseguiu-se mesmo ir mais longe do que estava assinado em algumas das posições conjuntas", salientou.