Tancos foi obra de amadores, afirma coronel pára-quedista

Um roubo de oportunidade, uma "caricatura triste" que criou embaraço às Forças Armadas, reconhece oficial.

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O coronel Alves Pereira corroborou declarações anteriores de outros oficiais na comissão LUSA/MIGUEL A. LOPES

"Foi um bando de amadores que fez isto, roubaram mas não conseguiram escoar [o material furtado] no mercado”, afirmou ao princípio da noite desta quarta-feira no Parlamento o coronel Alves Pereira, entre Outubro de 2013 e o Outono de 2016 comandante do Regimento de Pára-quedistas, uma das unidades que, rotativamente, faziam a segurança ao perímetro do paiol, referindo-se aos assaltantes de Tancos. Na sua interpretação, o assalto foi um caso de oportunidade que, reconheceu, foi “uma caricatura triste porque pôs em causa algumas instituições” - leia-se o Exército.

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"Foi um bando de amadores que fez isto, roubaram mas não conseguiram escoar [o material furtado] no mercado”, afirmou ao princípio da noite desta quarta-feira no Parlamento o coronel Alves Pereira, entre Outubro de 2013 e o Outono de 2016 comandante do Regimento de Pára-quedistas, uma das unidades que, rotativamente, faziam a segurança ao perímetro do paiol, referindo-se aos assaltantes de Tancos. Na sua interpretação, o assalto foi um caso de oportunidade que, reconheceu, foi “uma caricatura triste porque pôs em causa algumas instituições” - leia-se o Exército.

“Não encontro um objectivo para quem montou esta operação [o assalto], o material não foi entregue a outros grupos, tenho dificuldade em encontrar objectivos subsequentes, não encontro à partida um nível de trama mais denso”, explicou aos deputados da comissão de inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas do furto de material de guerra. Apesar desta certeza pessoal, o coronel Alves Pereira não desconhece, como lhe fez notar António Carlos Monteiro, do CDS, que uma acção de amadores não só surpreendeu as Forças Armadas como levou à demissão do ministro da Defesa, do então chefe do Exército e a dez detenções. “É um embaraço”, admitiu: “Falhámos e ninguém gosta de falhar.”

Sem dificuldades subscreveu os anteriores depoimentos de companheiros de armas que estiveram à frente do Regimento de Infantaria 15, de Tomar, unidade à qual também foi atribuída a segurança dos 40 hectares, sobre as fragilidades e deficiências. “Insuficiências tão recorrentes eram do conhecimento de todos os escalões”, afirmou, depois de assegurar, como os dois oficiais que o antecederam, que os relatórios após as vigilâncias mensais eram claros sobre os problemas.

Do mesmo modo, referiu-se à exoneração preventiva de cinco oficiais como peça de uma estratégia de comunicação da hierarquia militar, o que, garantiu, provocou mau ambiente no seio das Forças Armadas e, em especial, do Exército.

O coronel Alves Pereira foi mais longe. Relatou que redigiu dois relatórios complementares nos quais não põe em causa a diminuição de efectivos de 44, em 2007, para oito, à altura do assalto, reconhecida em relatório oficial do Ministério da Defesa de Março de 2018, mas aponta a degradação das condições de segurança das redes, a inexistência de videovigilância e os sistemas obsoletos. “A situação dos paióis era conhecida, era endógena”, afirmou, e chegou a ser abordada com oficiais-generais.

“Os recursos são escassos, as missões dispõem de recursos estritamente necessários”, disse o coronel em linguagem militar. Decifrada, equivale a afirmar "mínimos" e, como se provou, insuficientes para travar uma acção de amadores.