Autoridades alemãs dão mais um passo para pôr a AfD sob vigilância
Declarações de algumas figuras do partido Alternativa para a Alemanha deixam-no sob suspeita de não respeitar a protecção da dignidade humana, os princípios da democracia e do Estado de direito.
A agência de protecção da Constituição da Alemanha (BfV), responsável pelos serviços secretos internos, deu um novo passo para pôr o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, sob vigilância, começando uma avaliação para verificar se a formação desrespeita obrigações constitucionais.
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A agência de protecção da Constituição da Alemanha (BfV), responsável pelos serviços secretos internos, deu um novo passo para pôr o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, sob vigilância, começando uma avaliação para verificar se a formação desrespeita obrigações constitucionais.
O partido passou a ter estatuto de “caso a investigar”, disse Thomas Haldenwang, chefe da BfV, responsável pelo cumprimento da Constituição alemã e por impedir ameaças vindas de grupos terroristas, movimentos ou partidos (qualquer formação política alemã deverá respeitar o Estado de direito e os princípios da democracia e assim estar fora do que é considerado extrema-direita, ou extrema-esquerda).
“A BfV tem indicações iniciais de que as políticas da AfD são contra a ordem democrática constitucional”, disse o responsável Thomas Haldenwang. “Mas estas indicações não são suficientes para começar a supervisionar o partido com métodos de espionagem.”
O jornal Süddeutsche Zeitung sublinha que este passo só é dado quando há provas concretas de aspirações anti-constitucionais.
A agência vai ainda focar-se em alguns elementos do partido, incluindo Björn Höcke, um dos mais extremistas políticos da AfD, que um dia criticou mesmo a política de memória do Holocausto da Alemanha. Algumas secções regionais do partido, assim como a sua ala jovem, tinham já sido postas sob supervisão da espionagem interna.
Isto acontece apesar de a AfD ter tido uma cisão recente, com um dos políticos mais radicais, André Poggenburg, a anunciar um novo partido, por achar que a direcção estava demasiado preocupada com os limites do discurso para não ser sujeita a vigilância dos serviços de segurança internos.
A AfD diz que vai lutar em tribunal contra esta decisão tomada pelo novo responsável da BfV. A co-líder do partido Alice Weidel disse que com o anterior chefe da agência “esta decisão nunca teria sido possível” e por isso é que foi afastado.
Hans-Georg Maassen saiu depois de suspeitas de ter dado informação à AfD sobre como evitar ser vigiado pela BfV, de ter simpatias pela extrema-direita, e de criticar a política de imigração do Governo.