Mercados calmos apostam nas alternativas ao “hard Brexit”

Chumbo” do plano de May para o “Brexit” está a ter poucos impactos nas bolsas, e com a libra a subir ligeiramente face ao euro.

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Libra está a valorizar-se face ao euro Reuters/Phil Noble

O “chumbo” do plano para o “Brexit” apresentado pela primeira-ministra britânica Theresa May está a ter poucos impactos nas bolsas, e com a libra a subir ligeiramente face ao euro. Assim, os mercados parecem não acreditar, neste momento, numa saída desordenada, o chamado “hard Brexit”.

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O “chumbo” do plano para o “Brexit” apresentado pela primeira-ministra britânica Theresa May está a ter poucos impactos nas bolsas, e com a libra a subir ligeiramente face ao euro. Assim, os mercados parecem não acreditar, neste momento, numa saída desordenada, o chamado “hard Brexit”.

“Ontem foram dados sinais de que há um quórum de deputados [britânicos] para fazer o que é necessário para evitar um «Brexit» sem acordo”, afirmou à Reuters o responsável do departamento de análise económica da Daiwa Capital Markets, Chris Scicluna.

Assim, diz, “há uma grande probabilidade de um adiamento do artigo 50 [marcando uma nova data para o «Brexit» para depois de 29 de Março] e isso representa uma maior probabilidade de um «Brexit» mais suave ou mesmo que este não aconteça”.

Adam Cole, responsável pela estratégia do RBC no mercado cambial, não deixa de dizer que houve um “ligeiro aumento” da hipótese de haver um “hard Brexit”, mas, acrescentou, segundo a Reuters, que a moção de censura apresentada pelos trabalhistas “aumentou a hipótese de um segundo referendo” uma vez que deverá ser chumbada e não haverá eleições.

“Tudo é possível acontecer: novas eleições, um adiamento do calendário do artigo 50 ou um segundo referendo”, notou o responsável pelo departamento de investimentos do DWS. “Continuamos a acreditar, tal como os nossos pares, numa saída ordenada do Reino Unido”, sustentou. “No entanto”, acrescentou, “o caminho permanece incerto”.

Para já, e enquanto não há resultados da moção de censura, as bolsas mantiveram-se relativamente calmas (até porque a derrota de May esta terça-feira já era esperada), embora num ambiente volátil. Em Londres, embora com a bolsa no “vermelho”, o índice FTSE 100 estava a descer apenas 0,4% pelas 10 horas, enquanto na zona euro o Euro Stoxx 50 tinha uma subida residual (0,08%), com um impulso positivo dos bancos. No campo cambial, o euro estava a perder 0,3% face à libra, caindo para um mínimo de sete semanas (88,44 pences).

De acordo com a Reuters, entre as empresas mais afectadas no mercado de capitais britânico estão a multinacionais exportadores como a Unilever e a Diageo (grupo de bebidas) já que grande parte das suas vendas são feitas para fora do Reino Unido.

No caso da moeda única, esta foi também penalizada pelo arrefecimento da economia alemã e pelo alerta do presidente do BCE, Mario Draghi, de que a economia da zona euro está mais fraca do que o esperado.