Morreu a actriz Carol Channing, uma lenda da Broadway
Antes de Marilyn Monroe, Barbra Streisand ou Bette Midler esteve Carol Channing. Os papéis na Broadway de Os Homens Preferem as Loiras ou Hello Dolly foram dela. "Actuar é a única razão da minha existência", disse. Tinha 97 anos.
A actriz norte-americana Carol Channing, que protagonizou Hello, Dolly na Broadway, onde teve uma carreira de várias décadas, morreu esta terça-feira aos 97 anos, segundo o seu agente, B. Harlan Boll, citado pelo New York Times. A actriz, que tinha sofrido dois acidentes vasculares cerebrais no ano passado, morreu na cidade de Rancho Mirage, na Califórnia, Estados Unidos.
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A actriz norte-americana Carol Channing, que protagonizou Hello, Dolly na Broadway, onde teve uma carreira de várias décadas, morreu esta terça-feira aos 97 anos, segundo o seu agente, B. Harlan Boll, citado pelo New York Times. A actriz, que tinha sofrido dois acidentes vasculares cerebrais no ano passado, morreu na cidade de Rancho Mirage, na Califórnia, Estados Unidos.
Nascida em Seattle, em 1921, estreou-se aos 19 anos, em Nova Iorque, num musical de Marc Blitzstein, antes de chegar à Broadway com a versão original para palco de Os Homens Preferem as Louras. Com seu papel cómico neste musical, ela era Lorelei Lee que cantava Diamonds Are a Girl’s Best Friend - personagem que faria depois a carreira de Marilyn Monroe no filme de Howard Hawks. Channing tornou-se uma estrela da Broadway na noite de estreia no Ziegfeld Theater, a 8 de Dezembro de 1949, que adaptava o amoral best seller de Anita Loos, com música de Jule Styne, letras de Leo Robin e coreografia de Agnes de Mille.
Seguir-se-iam The Vamp, em 1956, e Show Girl, em 1961, que lhe deram as primeiras nomeações para os prémios Tony da Broadway, como melhor actriz de um musical, galardão que conquistou em 1964, com o seu desempenho em Hello, Dolly, que popularizou antes de Barbra Streisand e Bette Midler. Channing somou mais de 4500 representações como Dolly Levi, o papel escrito por Jerry Herman e Michael Stewart, a partir da história de Thornton Wilder.
Aos 74 anos, numa reposição de Hello, Dolly, ainda arrastava audiências, noite após noite, como escreveu o jornal norte-americano, e 20 anos depois, acrescentava o New York Times, participava numa celebração dos 50º. aniversário da estreia do musical: "Actuar é a única razão da minha existência."
Em 1968, foi a vez de conquistar um Globo de Ouro, pelo papel em Millie, Rapariga Moderna, musical em que também se distinguiram Julie Andrews e Mary Tyler Moore. Channing entrou na American Theatre Hall of Fame em 1981 o recebeu o prémio Tony de carreira em 1995.
Quando, em 1973, em plena investigação do Caso Watergate, o nome de Carol Channing surgiu numa lista de "inimigos a abater" do presidente norte-americano Richard Nixon - que viria a demitir-se -, a actriz disse publicamente que esta era uma das suas maiores distinções.
Em 2002, publicou a autobiografia Just Lucky I Guess, em que revelava que aos 16 anos a sua mãe lhe dissera que o seu pai era em parte negro. Ela manteve secreta essa herança racial, porque receava que a sua carreira fosse prejudicada, segundo o New York Times. Em 2012, a realizadora Dori Berinstein dedicou-lhe o documentário Larger Than Life, que o jornal glosa hoje no título do obituário.