O que disseram vários ex-ministros da Educação sobre o fim do 2.º ciclo do ensino básico
Em 2016 houve uma audição de ex-ministros da Educação promovida pelo Conselho Nacional de Educação no âmbito de uma série de debates a propósito dos 30 anos da Lei de Bases do Sistema Educativo. O PÚBLICO recupera algumas posições sobre a forma como os ciclos de estudos devem estar estruturados.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Em 2016 houve uma audição de ex-ministros da Educação promovida pelo Conselho Nacional de Educação no âmbito de uma série de debates a propósito dos 30 anos da Lei de Bases do Sistema Educativo. O PÚBLICO recupera algumas posições sobre a forma como os ciclos de estudos devem estar estruturados.
Roberto Carneiro, ministro da Educação entre 1987 e 1991, num Governo do PSD liderado por Cavaco Silva:
“Penso que a grande indefinição remanescente é a do 2.º ciclo. O 2.º ciclo não foi implementado como deve ser. Aliás a Lei e Bases do Sistema Educativo [aprovada em 1986] fala em áreas e, por uma razão ou por outra, nunca foi possível definir quais são essas áreas disciplinares. O aluno continua a passar abruptamente de um professor único para uma leccionação por uma cerca de uma dezena de docentes (…)”
Júlio Pedrosa, ministro da Educação entre 2001 e 2002, num Governo do PS liderado por António Guterres:
“Hoje, talvez fosse um bom tempo para conceber um 1.º ciclo de seis anos na escolaridade obrigatória, a educação primária, a que se seguisse um 2.º ciclo de seis, a educação secundária, com duas vias, a científica-humanística e a vocacional ou profissional."
David Justino, ministro da Educação entre 2002 e 2004, num Governo do PSD liderado por Durão Barroso:
"Eu sou claramente defensor de nos primeiros seis anos termos monodocência pura nos primeiros dois anos, monodocência coadjuvada (1/2 professores) nos segundos dois anos e monodocência coadjuvada reforçada nos terceiros dois anos. Isto implica que haja alguns ajustamentos na formação inicial de professores, mas também se faz com formação contínua. Os segundos seis anos são conhecimento especializado. Por isso é que se organiza por disciplina, conhecimento especializado dado por professores especializados."
Isabel Alçada, ministra da Educação entre 2009 e 2011, num Governo do PS liderado por José Sócrates:
"Considero que deveria ser repensada a estrutura dos três ciclos para o ensino básico. O 2.º ciclo deveria ser revisto, tanto mais que os resultados deste nível de ensino ficam muito aquém do desejável (...) Deveria estudar-se com seriedade a criação de um ciclo de seis anos, para aproximar mais o 1.º e o 2.º ciclo, e outro ciclo de três anos."