Deputados pedem alteração da hora do Conselho Nacional do PSD

A hora marcada coincide com o plenário da Assembleia da República.

Foto
Plenário decorre à hora do Conselho Nacional Miguel Manso

A hora da reunião do conselho nacional extraordinário - às 17h - está a indignar os apoiantes de Luís Montenegro por considerarem que é impeditiva de muitos membros comparecerem no Porto esta quinta-feira, um dia de trabalho.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A hora da reunião do conselho nacional extraordinário - às 17h - está a indignar os apoiantes de Luís Montenegro por considerarem que é impeditiva de muitos membros comparecerem no Porto esta quinta-feira, um dia de trabalho.

O deputado do PSD Ulisses Pereira pediu ao líder da bancada parlamentar para solicitar a alteração da hora da reunião do conselho nacional, que decorre ao mesmo tempo do que o plenário na Assembleia da República. 

O pedido, a que o PÚBLICO teve acesso, foi enviado por correio electrónico, e já teve a concordância de Miguel Morgado. "Não pretendo colocar qualquer adjectivo nesta decisão, o que seria fácil, Nem quero acreditar que [a hora marcada] tenha como propósito que os deputados do PSD não participem nesse momento importante da vida do nosso partido, ou que tenham que faltar a uma sessão do plenário para o poderem fazer", escreveu o antigo líder da distrital de Aveiro. Ulisses Pereira considera que "pior" seria ter que pedir ao presidente da Assembleia da República "o adiamento dessa sessão plenária" e que seria "até ridículo para o PSD" e para o grupo parlamentar. 

Numa resposta a esta mensagem, Miguel Morgado disse "subscrever e reforçar" o e-mail de Ulisses Pereira. 

Hora é "de bradar aos céus"

Já o líder da distrital de Lisboa Pedro Pinto tinha contestado a hora marcada para a reunião. "É bom que seja na quinta-feira, permite ao PSD ganhar tempo tendo em atenção que, não sendo aprovada a moção de confiança, é necessária a marcação de congresso e directas, e tudo o que seja encurtar tempos é bom", afirmou à Lusa. "Já acho que marcar para as 17h é mau. Para quem tanto fala em golpe, marcar um Conselho Nacional para as 17h é de bradar aos céus", afirmou, defendendo que o PSD "é composto na sua maioria por pessoas que trabalham".

Pedro Pinto realçou que esta marcação de um Conselho Nacional "em pleno horário laboral é uma novidade desta direcção".

"De certeza absoluta que esta não é a hora para que esteja em plenitude o Conselho Nacional, mas estarão lá todos para quando for a votação, isso não tenho dúvidas", afirmou.

Pedro Pinto, que também é deputado, salientou que há vários parlamentares que têm assento neste órgão e que terão de faltar aos trabalhos na quinta-feira, justificando depois com trabalho 

 Pedro Pinto pediu ao presidente do Conselho Nacional que clarifique que a moção de confiança "será sujeita a voto secreto".

"Tem de ficar bem claro que a votação da moção de confiança é uma moção sobre pessoas, que está previsto no regulamento do Conselho Nacional que seja por voto secreto", defendeu Pedro Pinto, desafiando o presidente do Conselho Nacional, Paulo Mota Pinto, a esclarecer "desde já o método de votação".

O líder da distrital de Lisboa do PSD salientou que a Comissão Política Nacional é eleita por voto secreto (pelos delegados ao Congresso), considerando que "o natural é que, para ser destituída, também o seja por voto secreto".

"Mau seria que o PSD, como maior partido português, como partido democrático, passasse a ter votações respeitantes a pessoas de braço no ar, o que apenas é visto nos partidos extremistas de esquerda", disse, apelando a essa clarificação antes da reunião.

O líder do PSD/Lisboa, distrital que não apoiou Rui Rio nas últimas directas, considera que só uma votação secreta "permite total liberdade e transparência" e a garantia de que todos os conselheiros votarão "segundo a sua consciência".

O regulamento do Conselho Nacional determina que as votações do Conselho Nacional se realizam por braço no ar, com excepção de eleições, deliberações sobre a situação de qualquer membro do Conselho Nacional e "deliberações em que tal seja solicitado, a requerimento de pelo menos um décimo dos membros do Conselho Nacional presentes".