Manifestações na Polónia lembram presidente assassinado da câmara de Gdansk
Pawel Adamowicz, um liberal e popular autarca, foi esfaqueado durante um acto público. Dirigentes partidários unem-se para se manifestar contra a violência, que parece não ter tido motivações políticas.
Milhares de polacos juntaram-se a manifestações por toda a Polónia em memória de Pawel Adamowicz, o presidente da câmara de Gdansk (Polónia) que morreu nesta segunda-feira depois de ter sido esfaqueado domingo, por motivos pouco claros.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Milhares de polacos juntaram-se a manifestações por toda a Polónia em memória de Pawel Adamowicz, o presidente da câmara de Gdansk (Polónia) que morreu nesta segunda-feira depois de ter sido esfaqueado domingo, por motivos pouco claros.
Em Gdansk, Varsóvia e mais uma dezena de outras cidades houve marchas de homenagem a Adamowicz, relata a AFP. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, ex-primeiro-ministro e ex-líder da Plataforma Cívica, o partido pelo qual o autarca dirigia a cidade de Gdansk desde 1998, deixou Bruxelas para participar numa delas.
O presidente da câmara de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, discursou num palco sob uma faixa que dizia "Parem com o ódio".
Apesar de o seu assassínio não ter tido motivos políticos directos, as manifestações em sua memória foram convocadas como protestos contra a violência — o Presidente polaco, Andrzej Duda, reuniu-se com os líderes políticos para as organizar.
Adamowicz foi esfaqueado quando participava numa angariação de fundos da Grande Orquestra de Natal, a maior organização sem fins lucrativos da Polónia, que recolhia fundos para a compra de equipamento médico para hospitais.
Quando estava no palco, um indivíduo aproximou-se dele e atacou-o. O crime não teve motivações políticas directas — o homem, com antecedentes criminosos, quis vingar-se do partido do autarca, a Plataforma Cívica, por ter sido preso quando este esteve no Governo entre 2007 e 2015.
O atacante, que foi preso, é um homem de 27 anos. Segundo a televisão polaca TVN, antes de ferir o autarca gritou que tinha estado preso injustamente. “Olá, olá. O meu nome é Stefan. Estive preso inocentemente. A Plataforma Cívica torturou-me e é por isso que Adamowicz está morto”, disse quando invadiu o palco.
No cargo há 20 anos, Pawel Adamowicz, de 53 anos, era um autarca liberal e muito popular — nas eleições do ano passado fora reeleito com 65% dos votos.
Era há muito considerado um alvo para os grupos de direita radical, por defender imigrantes, refugiados e os direitos de homossexuais e transexuais. Destacou-se pelas iniciativas que promoveu pela encorajar imigrantes a procurar refúgio em Gdansk, e pelo apoio que deu à campanha em defesa do Estado de Direito na Polónia contra os esforços do actual Governo para aumentar o controlo sobre o aparelho judiciário.
O assassínio de Adamowicz foi condenado por figuras de todo o espectro político polaco, diz a Reuters, incluindo os nacionalistas conservadores do Lei e Justiça, no Governo. “Expresso a minha grande dor pela trágica morte do presidente da câmara Adamowicz devido a um ataque criminoso”, disse Jaroslaw Kaczynski, o líder do Lei e Justiça, citado num tweet da porta-voz do partido.
O director do Hospital Clínico Universitário de Gdansk informou que o esfaqueamento tinha provocado “graves danos cardíacos e feridas no diafragma e na cavidade abdominal” de Adamowicz. O autarca foi submetido a uma cirurgia de cinco horas durante a noite mas não resistiu.