Montenegro Tiririca
Se uma mudança de líder não é garantia de que a situação do PSD se inverta até às legislativas, em momentos desesperantes da vida e da política pode valer a solução Tiririca – pior do que está não fica.
Em geral, os líderes da oposição são como as cartas de amor: ridículos.
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Em geral, os líderes da oposição são como as cartas de amor: ridículos.
O fenómeno é recorrente – apesar de ter uma fila imensa de candidatos, é o pior emprego da política. PS e PSD deram ao país um sem-fim de líderes da oposição que também foram, no seu tempo, bastante ridículos. Por exemplo, o ridículo Durão Barroso, que acabou primeiro-ministro e o ridículo Marcelo, agora Presidente da República. Mas apesar de terem sido, no seu tempo, muitíssimo ridículos, nenhum deles atingiu o nível – de ridículo, inacção e dissociação da realidade – de Rui Rio.
O problema é que depois de se ouvir o discurso de desafio de Luís Montenegro, o homem que quer substituir Rio no cargo que mais produz homens e mulheres ridículos, fica-se com a ideia de que a ascensão do ex-líder parlamentar a presidente do PSD seria uma mão cheia de coisa nenhuma. O desfile de banalidades do microprograma que apresentou na sexta-feira só deve ter sido capaz de comover os amigos próximos.
Há um problema para qualquer que venha a ser o líder do PSD que vai às eleições: tem que “trabalhar” para um povo bastante satisfeito com os sucessos da geringonça e que, dizem as sondagens, adora o governante mais à direita do Governo, Mário Centeno. Esta ou outra direcção do PSD está confrontada com uma enorme complexidade: o PS, no momento presente, cobre o eleitorado mais à direita que quer “contas em ordem” e o eleitorado mais à esquerda que gostou da aliança com Bloco e o PCP. Estamos a menos de um ano das eleições e Costa pode sonhar confortavelmente com o estatuto de “catch all”.
Com o PSD nesta situação agonizante, a manutenção de Rui Rio no poder até às eleições legislativas, a avaliar pela gravura até agora junta, poderá levar o PSD à “pasokização”. De resto, parece que os seus próximos, como Manuela Ferreira Leite que disse preferir “um partido pequeno a um rótulo de direita”, estão a preparar a opinião pública para esse acontecimento. Se uma mudança de líder não é garantia de que a situação se inverta até às legislativas, em momentos desesperantes da vida e da política pode valer a solução Tiririca – pior do que está não fica.