Não é só a cor, a nova bola-de-berlim de Lisboa tem carvão activado
Portugal já se tinha habituado a bolas-de-berlim inesperadas. É essa a especialidade da empresa Berlineta, que agora surpreende ainda mais: acaba de lançar em Lisboa a bola de Berlim com carvão activado, "a primeira do mundo".
Longe vão os tempos em que a bola-de-berlim era feita apenas com a massa tradicional e o recheio de creme de pasteleiro. Com creme, sem creme, de alfarroba ou espinafres, beterraba, pistácio, espirulina, hoje em dia, este bolo apresenta cores (até azuis ou avermelhadas), recheios e sabores para todos gostos. A Berlineta é uma das especialistas em fazer versões da bola clássica e acaba de lançar uma de encher o olho, capaz de dividir opiniões. É que agora existe a bola em que a massa leva carvão activado, o que lhe dá um certo ar de pedra vulcânica polvilhada de açúcar.
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Longe vão os tempos em que a bola-de-berlim era feita apenas com a massa tradicional e o recheio de creme de pasteleiro. Com creme, sem creme, de alfarroba ou espinafres, beterraba, pistácio, espirulina, hoje em dia, este bolo apresenta cores (até azuis ou avermelhadas), recheios e sabores para todos gostos. A Berlineta é uma das especialistas em fazer versões da bola clássica e acaba de lançar uma de encher o olho, capaz de dividir opiniões. É que agora existe a bola em que a massa leva carvão activado, o que lhe dá um certo ar de pedra vulcânica polvilhada de açúcar.
A bola custa 1,50 euros, pode ter vários recheios (morango, baunilha, limão e muitos mais, além de poder ter também recheio de carvão activado) e, para além do “estranho” ingrediente negro, Alessandro Iuliano, marketing manager da Berlineta, garante que o resto da receita é mais comum: é confeccionada com “farinha de trigo, água e açúcar de cana e segredo na mão do chef pasteleiro”.
A ideia de usar o carvão activado surgiu, explica, pela necessidade de aumentar a gama vegan de ofertas da empresa. Iuliano conta que procuravam "uma cor que chocasse” com “as cores tradicionais da pastelaria”. De facto, a cor impressiona muita gente (embora já existam bolas de alfarroba com um tom escuro) e destaca-se no meio da oferta que a Berlineta apresentava na sua loja na estação de Santa Apolónia quando por lá passámos. “Tem esgotado, já tivemos que repor o stock”, dizia-nos Karina, que, na altura, vendia as bolas ao balcão da loja, que tem a sua janela virada para a plataforma ferroviária.
Chegados à redacção com uma bola-de-berlim preta e com recheio cinzento (precisamente recheio, também, de carvão activado), aproveitámos para usar vários colegas como cobaias. A novidade atrai o olhar de toda a gente, mas nem todos têm coragem de pô-la à prova. As opiniões foram divergentes e sempre precedidas de comentários vigorosos: “Uma bola-de-berlim preta?”, “Ui!”, “Credo!” ou “Parece uma pedra” fizeram-se ouvir. Muitos, sublinhe-se, nem sequer quiseram experimentar a versão negra do bolo que enche as praias portuguesas no Verão. Alguns chegaram mesmo a associar a aparência do creme da bola com recheio de carvão com “borracha” ou “cimento”. Uma espécie de bola-de-berlim que parece incluir ainda um Muro de Berlim.
Mas também houve quem não resistisse à atracção do choque e da estranheza. Uma vez provada a bola, houve quem não ficasse fã mas boa parte chegou à mais simples das conclusões: “Sabe a bola-de-berlim”. O slogan de Pessoa é muito repetido mas, de facto, também tem aqui cabimento: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
Quanto a quem possa ter dúvidas sobre o suplemento usado, Alessandro Iuliano desmistifica a situação. O carvão activado está conotado com a desintoxicação do corpo, o tratamento de problemas intestinais ou até como ingrediente de algumas pastas dentífricas, mas, apesar dos prometidos benefícios, alguns produtos farmacêuticos com este item incluem na sua bula avisos para precauções, nomeadamente na interacção com outros medicamentos e na potencial redução dos efeitos destes.
Porém, Iuliano assegura que a questão nem se coloca com a nova bola da Berlineta. O responsável refere que “com a percentagem [de carvão activado]” utilizada “não há interferência”. “A menos que comam 30 unidades por dia”, acrescenta. Contudo, à semelhança das bolas-de-berlim tradicionais, a marca não recomenda a novidade a mulheres grávidas ou em período de amamentação.
A empresa Berlineta, criada em 2014, inclui na sua ementa bolas com cremes desde kiwi, maracujá e laranja às massas de espirulina, Oreo ou limão. O cliente tem ainda a opção de criar a sua própria bola-de-berlim.
Actualmente, além de venderem por encomenda e em diversos pontos temporários, têm pontos de venda em Lisboa – Gare do Oriente e Estação de Santa Apolónia. Para breve, além da promessa do lançamento de “novos produtos”, haverá também “novos pontos de venda”, anuncia Iuliano, confirmando desde já a abertura de um novo projecto em Cacilhas em Fevereiro.
Texto editado por Luís J. Santos