Governo lança concurso para obras no liceu Camões em dia de protesto dos alunos

Em marcha lenta, os alunos prosseguiram em direcção ao Parlamento para protestarem contra a falta de condições e degradação geral do edifício. Anúncio de novo concurso chegou ao fim do dia

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No mesmo dia em que 400 os alunos se concentraram em frente ao antigo Liceu Camões e se puseram em marcha até ao Parlamento para exigirem obras de requalificação há muito prometidas nesta escola centenária, o Governo anunciou, já ao início da noite, que o concurso já foi lançado, nesta quinta-feira, desta feita com um  preço base de 15,2 milhões de euros. 

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No mesmo dia em que 400 os alunos se concentraram em frente ao antigo Liceu Camões e se puseram em marcha até ao Parlamento para exigirem obras de requalificação há muito prometidas nesta escola centenária, o Governo anunciou, já ao início da noite, que o concurso já foi lançado, nesta quinta-feira, desta feita com um  preço base de 15,2 milhões de euros. 

Fartos de promessas - e escaldados com um concurso que, no ano passado, não teve concorrentes interessados - de manhã, entre o som de buzinas e apitos que davam musicalidade ao protesto, repetiam-se as palavras de ordem “obras já!”. Os alunos exibiam também cartazes onde se podia ler “o tecto cai-me em cima!”, “as obras não eram em 2009?”, “não há liberdade sem educação" e “mais financiamento!”. A fechar a marcha, uma última faixa reivindicava “por uma escola pública de qualidade para todos”. 

Embora contando com o apoio da direcção desta instituição, a iniciativa surgiu por parte da actual Associação de Estudantes e o protesto já estava a ser organizado desde o primeiro período deste ano lectivo.

“Os problemas são muitos e muito evidentes, devido à falta de financiamento de que a escola pública tem sido alvo por parte dos sucessivos governos do PS e PSD/CDS” refere Simão Bento, presidente da Associação de Estudantes. “É o frio insuportável, é a água que se infiltra por todo o lado, são os tectos e o telhado que já chegaram a cair, é o ginásio que não tem condições, é o polidesportivo que se encontra fechado há mais de dez anos porque está em risco de ruir, e todos estes são factores que põem em risco o acesso a uma educação pública democrática de qualidade a que os estudantes têm direito”.

Mário Martins, professor de Português e Latim nesta instituição, assumiu que toda a comunidade escolar está cansada deste constante adiamento das obras. “A escola, no interior, tem sinais gritantes de decadência há muito tempo detectados. Aliás, já desde o tempo em que o actual primeiro-ministro era presidente da Câmara de Lisboa que estão assinalados esses pontos gravíssimos”, afirma o docente.

João Jaime Pires, director da escola, apoiou o protesto "muito justo" dos alunos e salientou que, apesar das pressões, das acções e dos protestos, "há sempre qualquer coisa que é adiada", tendo agora o processo voltado de novo ao início, com um novo concurso internacional. Como salientou o director, em meados do ano passado foi lançado um concurso internacional para as obras de reabilitação do edifício, que envolviam um investimento de 12,46 milhões de euros. Contudo, o concurso não obteve quaisquer concorrentes para a realização das obras devido ao baixo valor da verba prevista. 

Já na véspera do protesto, o Ministério da Educação anunciara que o novo concurso de requalificação do antigo liceu estava "pronto a arrancar" e terá o valor de 15 milhões de euros. No entanto, quando ainda não se sabia que o procedimento tinha sido iniciado, a comunidade estudantil não se mostrava confiante. “Já se anunciam obras no metro e noutros espaços públicos, o que nos leva a crer que este é mais um acto eleitoralista do que propriamente de decisão concreta, uma vez que estamos em ano de legislativas e ainda teremos de esperar um tempo legal mínimo de 6 meses, por se tratar de um concurso internacional”, dizia o director. 

Como relembrou Simão Bento, a primeira promessa de obras "completamente falhada" é de 2009 e os alunos pretendem que seja "o Governo a assumir pelos seus próprios meios as obras na escola”. Volvidos dez anos desde a primeira proposta, os cargos políticos foram-se alterando mas a Escola Secundária de Camões continua degradada.