Vhils regressa ao Brasil com exposição inspirada nos Guarani

O trabalho do artista plástico, que vem alterando paisagens urbanas nos quatro cantos do mundo, irá estar patente na Caixa Cultural Brasília a partir deste domingo.

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Para o artista português Alexandre Farto, ou seja Vhils, 2019 começa com um regresso ao Brasil. O trabalho do artista plástico, que vem alterando paisagens urbanas nos quatro cantos do mundo, irá estar patente na Caixa Cultural Brasília a partir deste domingo, 13 de Janeiro, e 3 de Março, com entrada gratuita.

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Para o artista português Alexandre Farto, ou seja Vhils, 2019 começa com um regresso ao Brasil. O trabalho do artista plástico, que vem alterando paisagens urbanas nos quatro cantos do mundo, irá estar patente na Caixa Cultural Brasília a partir deste domingo, 13 de Janeiro, e 3 de Março, com entrada gratuita.

Em Incisão apresenta uma instalação em grande escala composta por 54 portas de madeira gravadas em baixo-relevo, usando técnicas de corte, subtracção e descasque da superfície. O trabalho resulta de uma residência artística que realizou em Março de 2014 na cidade de Curitiba e na comunidade Guarani da Aldeia Araçaí, no Paraná.

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Vhils

A exposição, que já passou por Curitiba e Recife há quatro anos, representa vários rostos e motivos indígenas, incluindo 18 retratos de habitantes da Aldeia Araçaí. Quatro destas gravuras foram realizadas por artesãos da própria comunidade na galeria da Caixa Cultural Curitiba, ao longo da montagem da primeira mostra desta instalação.

Há também um grande painel composto por 15 fotografias formando uma tela em backlight, assim como vídeos de acções artísticas e do processo de execução das peças, em que predominam elementos em madeira resgatados do meio urbano para construir uma cidade simbólica, com várias camadas e diversos planos de leitura.

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A exposição partilha com o espectador um olhar cúmplice sobre questões que têm sido recorrentes no trabalho de Alexandre Farto, e que têm como foco problemáticas ligadas ao modelo de desenvolvimento globalizado juntamente com a natureza das sociedades urbanas contemporâneas. Exploram o impacto deste modelo no planeta, nos seus recursos, nas vidas das pessoas e no seu sentido de identidade. Ao mesmo tempo, lançam um olhar sobre o fenómeno da homogeneização cultural que este sistema tem vindo a criar e o subsequente conflito entre realidades locais e globais.

Localizada a apenas 50 quilómetros da cidade de Curitiba, a Aldeia Araçaí é uma comunidade indígena guarani onde vivem cerca de 90 pessoas, que foram ali realojadas em 2000, após terem sido forçadas por um programa governamental a abandonar as suas terras ancestrais. Explorando o contraste entre as condições de vida precárias da comunidade, no seu quase isolamento, e a modernidade próspera da cidade, a mostra reflecte sobre o choque entre o modelo dominante de desenvolvimento contemporâneo e os modos de vida tradicionais.