Al-Attiyah e Al Rajhi transformam Dakar num rali das árabias
Barreda está fora da prova e o português Paulo Gonçalves foi sexto e entrou no top 10 da classificação geral nas motas.
É conhecido o clima de animosidade que tem pautado as relações entre a Arábia Saudita e o Qatar nos últimos anos. E a tensão entre estes vizinhos árabes estende-se ao desporto, especialmente após o pequeno emirado ter sido escolhido para acolher o Mundial de futebol em 2022. Mas foi no Rali Dakar, no distante Peru, que se abriu uma nova e inesperada frente de rivalidade.
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É conhecido o clima de animosidade que tem pautado as relações entre a Arábia Saudita e o Qatar nos últimos anos. E a tensão entre estes vizinhos árabes estende-se ao desporto, especialmente após o pequeno emirado ter sido escolhido para acolher o Mundial de futebol em 2022. Mas foi no Rali Dakar, no distante Peru, que se abriu uma nova e inesperada frente de rivalidade.
Nasser Al-Attiyah é uma lenda viva no Qatar. E não apenas ao volante de um todo-o-terreno que já lhe valeu dois títulos no Dakar (2011 e 2015) e três segundos lugares (2010, 2016 e 2018). O “Príncipe do Qatar” é também um ás no tiro desportivo (variante armas de caça), tendo alcançado a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres de 2012. Nesta quarta-feira, assumiu a liderança do rali peruano.
Um cenário que não lhe é estranho na última década, mas a grande surpresa está no homem que o segue, a seis minutos e 48 segundos na tabela geral. Nada menos do que o saudita Yazeed Al Rajhi. Um piloto que se estreou nesta competição em 2015 e que se apresenta nesta sua quinta presença como um potencial candidato ao título de uma prova por natureza imprevisível. Um pouco como ele.
Neste momento, é ele quem separa Al-Attiyah do francês Stéphane Peterhansel (que acumula nove títulos no Dakar entre motas e carros), vencedor da terceira etapa, disputada esta quarta-feira E que ligou as localidades peruanas de San Juan de Marcona e Arequipa, com 331km cronometrados. Um trio que remeteu para segundo plano grande parte da forte concorrência nos automóveis.
Vencedor da segunda etapa, o francês Sébastien Loeb teve a ingrata tarefa de abrir a pista, antes de um percalço o fazer perder muito tempo. Terminou no 11.º lugar, ocupando o oitavo da geral, a quase 38 minutos do líder. E bem pior esteve Carlos Sainz, bicampeão do Dakar e actual detentor do título.
O espanhol hipotecou nesta quarta-feira todas as hipóteses de vencer em 2019, após cair numa vala nos primeiros quilómetros da terceira etapa, danificando fatalmente a suspensão da roda esquerda. Aziago foi ainda o dia do anterior líder, o sul-africano Giniel de Villiers (vencedor em 2009 e terceiro classificado na edição de 2018), que chocou contra uma rocha e também terá ficado fora da luta.
Barreda fora, Gonçalves no top 10
A má sorte espanhola nesta etapa também ficou patente nas duas rodas. Joan Barreda, apontado como sucessor natural do pentacampeão Marc Roma nas duas rodas, voltou a ser errático na maior prova de todo-o-terreno. Começou a edição de 2019 na liderança e ali permaneceu até uma queda grave voltar a ditar o seu afastamento, nesta quarta-feira.
O azar de Barreda foi aproveitado pela concorrência directa, com o chileno Pablo Quintanilla a ascender à liderança da geral, após encerrar a terceira etapa na segunda posição. Com apenas menos 15 segundos do que o piloto da Husqvarna, o vencedor do dia foi o francês Xavier de Soultrait, que subiu ao sexto posto da classificação.
Entre os portugueses, o veterano Paulo Gonçalves foi sexto na etapa, a mais de nove minutos e meio do vencedor. Mesmo assim, o piloto de Esposende subiu dois lugares na geral, entrando no top 10, com o nono posto, mas já a 25m11s de Quintanilla.