Pepe: o central "rápido e explosivo" regressa ao FC Porto
"Dragões" assinaram contrato válido com internacional português até 2021. Alguns dos que se cruzaram com ele valorizam experiência e impacto positivo que o central terá no plantel portista.
Mais de uma década depois da saída para o Real Madrid, Pepe regressa ao clube que já tinha representado entre 2004 e 2007: “Estou bastante emocionado. Para mim é um privilégio voltar a vestir esta camisola. [O FC Porto] é um clube que me deu tudo e me projectou para o futebol mundial”. O internacional português assinou contrato válido até 2021, num regresso que se tornou possível após a rescisão de Pepe com os turcos Besiktas, em Dezembro.
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Mais de uma década depois da saída para o Real Madrid, Pepe regressa ao clube que já tinha representado entre 2004 e 2007: “Estou bastante emocionado. Para mim é um privilégio voltar a vestir esta camisola. [O FC Porto] é um clube que me deu tudo e me projectou para o futebol mundial”. O internacional português assinou contrato válido até 2021, num regresso que se tornou possível após a rescisão de Pepe com os turcos Besiktas, em Dezembro.
Jorge Andrade, antigo defesa dos “dragões”, elogia a contratação do FC Porto que, garante ao PÚBLICO, vai ajudar quando o calendário competitivo se tornar mais apertado: “É uma boa notícia para o Sérgio Conceição porque fica com um leque de jogadores competentes para as várias competições. Apesar dos 35 anos, considero o Pepe um dos melhores centrais do mundo.”
O antigo jogador reforça, ainda, o estilo de jogo mais seguro que a introdução de Pepe na defensiva portista irá promover: “O Militão pode jogar a lateral-direito e o Pepe pode ficar ao lado de Felipe. A defesa fica mais compacta, e não se correm tantos riscos”. Por último, Jorge Andrade garante que a experiência do central terá efeitos positivos para o resto do plantel portista: “O Pepe, em termos de balneário, vai ajudar muito os colegas. Vai ser uma das vozes do treinador dentro do campo, ou dar tranquilidade à equipa quando esta estiver em desvantagem. Vai, facilmente, transmitir os valores da casa”.
“Perdia a cabeça com frequência”
Apesar da passagem de três anos pelos “dragões” ter, nas palavras do próprio, catapultado Pepe para os holofotes internacionais, foi na ilha da Madeira que o internacional português nasceu para o futebol nacional. Chegou ao Marítimo com 17 anos ainda a recuperar de uma lesão contraída no Corinthians Alagoano, clube brasileiro onde fez a formação.
“Do que me lembro dele? De tudo…do bom e do menos bom. O Pepe era um jogador muito duro, com uma ambição enorme. Tinha uma capacidade de luta invulgar. Também perdia a cabeça com frequência, mas tinha um potencial que fazia prever a carreira fantástica que conseguiu”, revela Manuel Cajuda, que treinou o então jovem jogador na época 2003-04, último ano que Pepe passou no Marítimo antes de rumar à Invicta.
De acordo com o actual técnico do Académico de Viseu, o reforço dos “dragões” preservou a boa condição física, apesar de, com 35 anos, se tornar no segundo jogador mais velho do plantel à disposição de Sérgio Conceição. “Acima de tudo, o Pepe continua com um rendimento fantástico. É um dos pilares da selecção nacional, a campeã da Europa. Se o FC Porto aceitou [o seu regresso] é porque acertou em cheio. Na minha opinião, é sempre bom quando os grandes jogadores regressam a Portugal. E o Pepe é um desses jogadores”, acrescentou Manuel Cajuda.
O jogador “rápido e explosivo”
Após 62 jogos na equipa principal maritimista, o FC Porto — desfalcado com a saída de Ricardo Carvalho para o Chelsea — decidiu apostar no jovem central. Na mesma altura, chegava à Invicta Raul Meireles, jogador que alinhou pelos “azuis-e-brancos” durante seis épocas. “Chegámos ao mesmo tempo ao Porto. À medida que os anos iam passando, o Pepe foi assumindo um papel de importância no balneário”, revela ao PÚBLICO.
Tal como Manuel Cajuda, o ex-jogador dos “dragões” destaca a motivação do central que, relembra, chegou a jogar no eixo do trio defensivo: “Ele treinava com a mesma intensidade que colocava nos jogos. O Pepe era um jogador muito explosivo, muito rápido. O Co Adriaanse aproveitou essa rapidez.” No FC Porto, Pepe conquistaria seis títulos (dois campeonatos, duas Supertaças, uma Taça de Portugal e uma Taça Intercontinental).
Depois de três anos de crescimento nos “dragões”, o Real Madrid, dirigido pelo alemão Bernd Schuster, reconheceu o valor do defesa-central, desembolsando 30 milhões de euros para o levar para a capital espanhola. Nos “merengues”, Pepe tornou-se num dos melhores centrais do mundo. Titular indiscutível durante grande parte das dez épocas que passou em Espanha, o internacional português construiu um palmarés invejável: 15 troféus, incluindo três Ligas dos Campeões. Nos 334 jogos que disputou no Real, marcou por 15 vezes. A nível disciplinar, o defesa recebeu 95 cartões amarelos e foi expulso por oito vezes, na década que passou em Madrid, segundo dados da ESPNFC.
A “guerra” com Mourinho
Apesar da importância que desempenhou no Real, nem tudo foi um mar de rosas. Em 2013, derradeira temporada de José Mourinho no comando técnico do Real, o defesa e o treinador envolveram-se numa guerra de palavras. Após declarações do internacional português nas quais este criticava a “falta de respeito” que Mourinho demonstrava para com Casillas, companheiro de equipa que reencontra no FC Porto, o “special one” não teve papas na língua: “O problema de Pepe tem um nome e é Raphael Varane. Não é nada fácil para um homem de 31 anos ser ‘arrumado’ por um miúdo de 19”.
A partir dessa época, os números de Pepe no Real Madrid começaram a descer: de titular indiscutível passou para jogador de ocasião. Em 2017, o defesa-central decidiu deixar Madrid e mudar de ares. Seguiu-se Istambul, na Turquia.
O Besiktas foi o clube escolhido e, durante época e meia, Pepe realizou 52 partidas e assinou sete golos pelo emblema turco. Os valores milionários do contrato de Pepe provaram-se, porém, demasiado elevados para o Besiktas que, em Dezembro, rescindiu com o defesa-central. Agora, segue-se o FC Porto que, na presente temporada, luta por todas as competições. Aguarda-se agora pelo momento em que Pepe voltará a usar no relvado a camisola “azul-e-branca”.