Mudança da hora pode ser "bastante nociva" para a saúde, indica estudo
A mudança horária pode trazer consequências a pessoas vulneráveis em relação ao sono, a pessoas imunodeprimidas ou mais velhas, dizem especialistas.
A mudança da hora duas vezes por ano pode ter consequências "bastante nocivas" para a saúde, afectando o sono e o regular funcionamento dos sistemas do corpo humano, concluiu um estudo agora publicado, que é assinado por nove autores e coordenado por Miguel Meira e Cruz, que é também presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono.
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A mudança da hora duas vezes por ano pode ter consequências "bastante nocivas" para a saúde, afectando o sono e o regular funcionamento dos sistemas do corpo humano, concluiu um estudo agora publicado, que é assinado por nove autores e coordenado por Miguel Meira e Cruz, que é também presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono.
Em declarações à agência Lusa, o especialista apontou que "a grande conclusão é que a mudança da hora deve acabar de facto", defendendo que "não faz sentido que continue".
Miguel Meira e Cruz considerou que os argumentos a favor da mudança horária, "que são sobretudo aspectos financeiros e económicos, não são suficientes para contrapor aqueles que parecem ser os problemas que a saúde pode enfrentar com esta atitude", principalmente para pessoas vulneráveis em relação ao sono, pessoas imunodeprimidas ou pessoas mais velhas.
O coordenador da investigação apontou que a discussão da mudança da hora está ligada "essencialmente ao sono", mas que estas alterações podem ter efeitos, por exemplo, ao nível "da predisposição para o cancro" ou da frequência com que ocorrem episódios cardíacos agudos, como os enfartes.
"A agressão maior não é exactamente nós mudarmos a hora, porque adaptar-nos-íamos, uns mais depressa e outros menos depressa. A questão é que duas vezes por ano, ora andamos para a frente, ora andamos para trás, e exigimos que os nossos genes, que são coisas que demoram muitos, muitos anos a adaptarem-se, se adaptem imediatamente. E isso não acontece", indicou.
O coordenador da investigação considera que seria "menos perigoso se mudasse uma vez de dois em dois anos", ou até mais espaçadamente. O desejável, acrescenta, seria a permanência "no horário de Inverno, porque é aquele que mais se coaduna com o horário real do sol".
Ainda assim, Miguel Meira e Cruz referiu que tudo dependerá da posição geográfica de cada país, porque a "mudança de horário não é tão grave em alguns países como noutros".
O estudo, que começou a ser preparado em Agosto, mas foi "redigido no final de Setembro" foi agora divulgado numa publicação especializada, mas o presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono admite que esta é apenas a primeira versão do documento.
Em Agosto de 2018, a Comissão Europeia propôs abolir a mudança de hora, pedindo aos Governos de cada país que se pronunciassem até Abril. Em Outubro, o Governo português anunciou à União Europeia que pretendia manter a mudança da hora.
António Costa disse que a decisão foi tomada por ser esse o “entendimento da ciência”, tendo por base um relatório feito pelo director do Observatório Astronómico.
Além de manter o regime de mudança de hora actual, o director do Observatório Astronómico, Rui Agostinho, considera que a transição para o horário de Inverno deveria acontecer no final de Setembro e não no final de Outubro, para ser uma mudança mais suave.