Papa entra na guerra de Salvini e Di Maio por causa dos migrantes
Nem Malta nem Itália aceitam receber 49 pessoas resgatadas das águas do Mediterrâneo.
O Papa Francisco entrou numa acesa disputa diplomática este domingo, ao criticar o sacudir de responsabilidades colectivo dos líderes europeus que está a deixar no limbo 49 migrantes salvos das águas do Mediterrâneo por dois navios de organizações humanitárias. Nenhum país da União Europeia está a querer recebê-los nos seus portos – mais directamente Malta e Itália, os dois mais próximos. Francisco pediu aos dirigentes que mostrem "solidariedade concreta" com os migrantes.
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O Papa Francisco entrou numa acesa disputa diplomática este domingo, ao criticar o sacudir de responsabilidades colectivo dos líderes europeus que está a deixar no limbo 49 migrantes salvos das águas do Mediterrâneo por dois navios de organizações humanitárias. Nenhum país da União Europeia está a querer recebê-los nos seus portos – mais directamente Malta e Itália, os dois mais próximos. Francisco pediu aos dirigentes que mostrem "solidariedade concreta" com os migrantes.
"Durante vários dias, 49 pessoas resgatadas no Mediterrâneo embarcaram em dois navios de organizações não-governamentais (ONG) à espera de encontrarem um porto seguro para desembarcar, e exorto os líderes europeus a mostrarem solidariedade concreta em relação a estas pessoas", disse o líder da Igreja Católica aos milhares de fiéis reunidos este domingo na Praça de São Pedro, por ocasião da oração tradicional do Angelus.
Este caso é um dos muitos que está a lançar a discórdia na coligação de governo italiana, entre a Liga de Matteo Salvini, de extrema-direita e ferozmente anti-imigração, e o Movimento 5 Estrelas, de Luigi Di Maio. Os dois vice-primeiros-ministros têm-se digladiado publicamente por vários motivos, e este é um deles.
Salvini, que é ministro do Interior e utilizador frequente do Twitter, manda as suas farpas nesta rede social. "Façam o que quiserem, mas para quem não respeita a lei, os portos italianos estão e vão continuar fechados", disse. Está a referir-se ao navio Sea-Watch 3, que há 18 dias está ao largo de Malta – país que se recusa a recebê-los, por "não querer abrir precedentes".
Desde Junho que Itália fecha os seus portos a navios com migrantes salvos no Mediterrâneo e em Novembro o Parlamento aprovou uma nova lei que acaba com a concessão de asilo por motivos humanitários.
Mas, apesar de estar a avançar a agenda securitária do partido de Salvini, Di Maio desentende-se publicamente com ele. Neste caso, e quando vários presidentes de câmara anunciam a intenção de não cumprir a directiva de impedir que navios com migrantes atraquem nos seus portos, o líder do 5 Estrelas afirmou que não será o ministro do Interior a decidir sobre se os navios com migrantes poderão entrar em portos italianos ou não. "Esta decisão será todo o Governo a tomá-la", afirmou.
No entanto, não faz cair a coligação governamental. "Eu digo apenas que se façam desembarcar mulheres e crianças, porque Malta e a União Europeia não têm piedade nem sequer de mulheres e crianças."